Por Edilson Silva Desde que o senador Jarbas Vasconcelos decidiu ingressar na disputa ao governo do estado este ano, percebe-se um esforço por parte de vários segmentos conservadores no sentido de decretar antecipadamente o resultado do pleito de outubro próximo.
Neste esforço, tentam reduzir os eleitores a meros expectadores de um embate medíocre entre dois projetos que não têm diferença em suas essências.
Jarbas ou Eduardo?
Esta é a pergunta que tentam massificar e que materializa a campanha unificada contra os interesses da maioria do povo pernambucano.
No entanto, esta pergunta não é respondida pelo povo nos meios de comunicação.
Só representantes do atual e do ex-governo se pronunciam.
Melhor seria perguntar e ouvir a resposta de uma professora da rede estadual que está a 30 anos dedicando-se ao serviço público, que já viu ambos na condição de governo e de oposição, e que hoje não consegue sequer aposentar-se, pois o pequeno salário que ganha seria ainda mais reduzido se assim o fizesse.
Ou então perguntar à esmagadora maioria dos profissionais de saúde do serviço público, que vêem o troca-troca de ambos, Eduardo e Jarbas, com os seus contra-cheques sempre orbitando em torno de um salário mínimo e com suas condições de trabalho tornando-se a cada dia mais degradantes.
Percebam que nestes dois casos a população atendida é a vítima final.
Perguntemos aos profissionais do Fisco e a seu sindicato, que tiveram com um governo o corte de suas consignações e agora com o outro governo tem seu imposto sindical também cortado, ambas as atitudes de retaliação.
Perguntemos aos policiais militares, que sob o governo de um tiveram que ir às últimas conseqüências da greve e que no governo do outro vêm fazendo sua parte no Pacto pela Vida, mas que vêem o atual governo não fazer a sua parte, discriminando a corporação ao não garantir o mínimo de isonomia com outros agentes da mesma segurança pública.
Perguntemos aos Pernambucanos o que um e outro governo já fizeram para combater a praga do Crack, essa droga que vem dizimando nossa juventude e colocando incontáveis famílias pernambucanas em estado de desespero.
Perguntemos o que ambos fizeram para fazer evoluir a cultura democrática e a participação popular em seus governos, fazendo crescer em nossa população um verdadeiro espírito republicano.
Perguntemos o que fizeram em defesa do nosso meio ambiente; na transformação desta vergonha que é o nosso sistema carcerário.
As perguntas se sucederiam longamente.
Mas, enquanto esta realidade insiste em acontecer, um teatro acontece no tatame mofado para onde se focam os maiores holofotes neste início de processo eleitoral.
Nele, uma peça publicitária ensaia um frevinho gostoso na voz de Alceu, cantando o hino de nosso Estado, com um avião grande e bonito subindo ou descendo num aeroporto chique, misturando tudo com imagens de uma rodovia ligando o litoral ao agreste.
Noutra peça publicitária, homens de capacete branco e gravata chamam a todos para o mais novo garimpo que inauguraram, e que reponde pelo nome de Suape.
Aos eleitores, tratados como mera torcida, a pergunta é insistente por parte da grande mídia empresarial e seus porta-vozes eloquentes: vai de frevinho ou de garimpo?
Esperamos e vamos trabalhar duramente para que nossa população não fique refém deste embate de mediocridade e para que assim possamos, num momento tão importante de nossa democracia, discutir a realidade de nosso estado e de nossa gente, apontando alternativas concretas e duradouras para os nossos problemas mais sentidos de fato.
Edilson Silva é pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo PSOL