Da Folha de S.
Paulo A Chesf deixará de ser a empresa majoritária na hidrelétrica de Belo Monte.
Da participação de 49,98% no consórcio Norte Energia, a estatal destinará 14,99% para a Eletrobras, sua controladora, e 20% para a Eletronorte, que passará a ser a líder e operadora da usina. “A Eletronorte fica com um pouco mais do que as outras duas estatais no consórcio porque vai ser a operadora”, disse à Folha a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra.
Quanto à entrada da Eletrobras no consórcio, ela afirmou que foi decidida porque a empresa é a “dona do dinheiro, quem tem recursos e é a holding do setor”.
Eletrobras e Eletronorte não participaram do leilão no mês passado.
A Chesf relutava em ceder a posição de líder do consórcio, mas será obrigada a aceitar a decisão da holding.
Até recentemente, as subsidiárias tinham mais autonomia, mas o governo fez mudanças no sistema, concentrando as decisões estratégicas na Eletrobras.
Recentemente, uma batalha política foi liderada pela Chesf contra as mudanças promovidas pelo governo para concentrar na holding as decisões empresariais das subsidiárias.
Políticos nordestinos, tanto aliados como da oposição, não gostaram da determinação do Planalto para que as decisões estratégicas das subsidiárias da Eletrobras ficassem sujeitas à aprovação da holding.
Liderados pelo governador Eduardo Campos (PSB-PE), políticos do Nordeste montaram força-tarefa em Brasília para evitar o esvaziamento das subsidiárias da estatal.
A sede da Chesf fica em Pernambuco.
Furnas e Eletronorte, as outras grandes geradoras lideradas pela Eletrobras, não tiveram reações semelhantes.
A estratégia montada pelo governo previa, desde o início, que a Eletronorte receberia a maior fatia na formação final do consórcio que irá construir Belo Monte. “Isso já era sabido e combinado”, disse Erenice.
A Eletronorte foi a responsável pelos estudos técnicos e ambientais da usina e ficou de fora dos dois consórcios que disputaram o leilão justamente para ter a sua participação assegurada na obra: sob a condição de sócia estratégica, entraria após a licitação no consórcio vencedor, independentemente de quem ganhasse.
Segundo a Folha apurou, a entrada da Eletrobras na usina pode ser temporária.
Em seguida, pode transferir à Eletronorte sua fatia, deixando esta última com 35%.
Inicialmente, o governo previa destinar à estatal do Norte 30% do negócio.
O consórcio Norte Energia tem formação original com nove empresas: Chesf (49,98%), Construtora Queiroz Galvão (10,02%), Galvão Engenharia (3,75%), Mendes Junior Trading Engenharia (3,75%), Serveng-Civilsan (3,75%), J.Malucelli Construtora de Obras (9,98%), Contern Construções e Comércio (3,75%), Cetenco Engenharia (5%) e Gaia Energia e Participações (10,02%).