Caro Jamildo, não me causou surpresa a notícia publicada em seu blog de que a Chesf teve que ceder grande parte da participação que tinha na usina Belo Monte para a Eletronorte e Eletrobrás.

Sabia-se desde o início, que a grande participação da estatal nordestina em Belo Monte tinha sido uma manobra para reduzir um pouco a reação dos nordestinos ao seu esvaziamento e para esquentar a cadeira, já que a Eletronorte havia sido, nos bastidores, escolhida para ter a maior parte nas ações da usina.

Agora tudo se confirma.

Dos 49,9% que a Chesf havia assumido e que foi anunciado com estardalhaço ela teve que ceder 14,9% para a Eletrobrás e 20% para a Eletronorte, ficando com meros 15%, portanto, minoritária.

Mas, Jamildo, o que mais causa preocupação na matéria sobre o assunto que você colocou em seu blog é o que falou a ministra da casa civil, Erenice Guerra, ao explicar a entrada da Eletrobrás no negócio.

Ela falou, com todas as letras, que, como holding, a Eletrobrás é dona dos recursos do sistema e, portanto, tem o direito e o poder de reivindicar sua participação.

Isso demonstra que Erenice tem a mesma posição do presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, que, de uma tacada só, tirou da Chesf todo o lucro do ano passado.

Como se diz no interior do Nordeste, “raspou o tacho”.

Demonstra também, a julgar pelo que disse Erenice, que a Eletrobrás usou os recursos da Chesf para tirar, da própria Chesf, 14,9% de participação na usina Belo Monte.

Se alguém achava que era só a Eletrobrás que estava por trás da retirada do poder da Chesf, agora está claro que o golpe contra os nordestinos tem o dedo do Palácio do Planalto.

Portanto, ninguém espere mudanças profundas nesta situação se dependermos da boa vontade do presidente Lula.

Está claro agora que Muniz Lopes não estava agindo sozinho.

Estava cumprindo ordens da Casa Civil e do Planalto.

Abraços Terezinha Nunes Chesf perde parcela na hidrelétrica de Belo Monte