Por Anatólio Julião Nada há de surpreendente nos resultados das pesquisas recentemente divulgadas sobre os primeiros instantes das disputas eleitorais, a nível nacional, para presidente da República, e no plano estadual, para governador do Estado.

Seria estranho, isto sim, se, em Pernambuco, o Senador Jarbas Vasconcelos aparecesse, de repente, com um percentual de intenções de votos muito acima do registrado pelas enquetes.

Afastado há quatro anos do poder local para exercer, com extrema dignidade, o seu mandato no Senado Federal, Jarbas assistiu de longe a desastrada atuação do atual governador Eduardo Campos, sobretudo nos campos da educação, saúde e segurança, inclusive por se ter negado a assumir o papel de opositor cotidiano ao Executivo local, por entender ser esta uma tarefa de competência das forças de oposição na Província.

Estando ele, como estava, exercendo com destemor as suas funções de Senador oposicionista no cenário federal, talvez como a única voz - seguida de perto pela do Senador Pedro Simon - decididamente disposta a denunciar as mazelas do governo federal, sem se deixar intimidar pela popularidade do Sr.

Presidente, e as eventuais conseqüências que, no plano pessoal, sua atuação pudesse acarretar, considerando o endeusamento de Lula em Pernambuco, Jarbas cumpriu rigorosamente o que dele se esperava no Senado da República.

Só recentemente confirmado como pré-candidato das oposições, com o lançamento oficial da sua postulação programada ainda para o próximo dia 28 de maio, no Chevrolet Hall, com a presença do pré-candidato a presidente do Brasil, José Serra, e de outras lideranças nacionais da oposição, o que surpreende, e dá alento, é que Jarbas Vasconcelos, nos dizem as pesquisas, montará a sua plataforma de decolagem sobre sólidos 28% de preferência do eleitorado.

Feita a contagem regressiva, e entrando em ignição violenta o combustível sólido que dará propulsão a sua campanha por todo o Estado, Jarbas Vasconcelos fará oscilar dramaticamente os ponteiros da contagem eleitoral em Pernambuco.

No plano nacional, o que de substancial emerge dos números revelados pelas últimas pesquisas não é, tão somente, o avanço de Da.

Dilma.

Se considerarmos na análise o realinhamento do eleitorado após a degola vexatória de Ciro Gomes e a unilateral campanha eleitoral escancarada, desavergonhada, em praça pública e através dos meios de comunicação, feita por Lula para sua preferida, às barbas de uma Justiça Eleitoral fraca e leniente, que mal conseguiu, com multas ridículas, sussurrar baixinho, sem brios, para a opinião pública: “eles estão agindo à margem da lei”: Como deixariam as pesquisas de registrar falsos sinais de vitória, numa luta onde um dos contendores bate forte, enquanto o outro tem as luvas amarradas pelos cadarços, pelos próprios juízes da peleja?

O que, sim, brota dos dados recentemente divulgados, é a preciosa informação de que a solidez eleitoral de José Serra tem consistência suficiente para, como o rochedo frente ao mar, agüentar o tranco inicial e partir, devagar e sempre, resgatando a suposta diferença, primeiro, para galgar indicadores mais anchos que garantam a sua importantíssima vitória para os destinos da Nação Brasileira.

Para quem é escolado em lutas terrivelmente desiguais, os dados, antes de assustar, funcionarão como elementos de motivação e prenúncios de vitória.

Anatólio Julião é Sociólogo