Bernardo Mello Franco da Folha de São Paulo Depois de longas conversas com sócios, amigos e parentes, o empresário Guilherme Leal, 60, aceitou se licenciar da direção da Natura para ser o vice de Marina Silva.
Engajado na criação de ONGs como o Instituto Ethos e a Fundação Abrinq, concorrerá pela primeira vez a um cargo eletivo.
Após a festa do PV, ele disse à Folha que a decisão foi “muito difícil” e que se dedicará a construir pontes com o empresariado.
FOLHA - Sua presença como vice aumenta a confiabilidade de Marina entre empresários?
GUILHERME LEAL - Espero que sim [risos]. À medida que isso está definido, muitos empresários têm simpatia, sim.
Muitos me estimularam, de alguma forma, a esse movimento cívico.
E corajoso.
FOLHA - Pretende ajudar a atrair doações de campanha?
LEAL - Existe uma estrutura que está sendo montada, com transparência e compromisso ético.
O processo de captação está aí.
Sabemos que não somos os ricos do pedaço.
FOLHA - O sr. vai ser doador?
LEAL - Vou, mas não o único.
Pretendemos que a campanha seja financiada de uma maneira bastante distribuída.
Todas as análises dizem que Marina pode mobilizar redes sociais.
Espera-se que em termos de arrecadação isso também aconteça.
FOLHA - Qual a quantia necessária para a candidatura?
LEAL - Isso está sendo trabalhado.
A campanha vai se ajustando às realidades. É um pouco desejo e um pouco possibilidade.
FOLHA - O senhor já decidiu o valor da sua contribuição?
LEAL - Não.
Vai se construindo na medida em que a necessidade exista e numa proporção razoável.
FOLHA - Por que se licenciar da direção da Natura?
LEAL - Legalmente, não haveria necessidade, mas vou pedir afastamento do conselho.
Não deixarei de ser acionista, mas sem qualquer influência nas decisões da Natura.
FOLHA - Teme alguma represália contra a empresa?
LEAL - A gente espera que a democracia seja respeitada.
Da mesma forma como a Marina diz que não quer o embate com os adversários, a gente espera que isso prevaleça.