Do Blog de josias de Souza A idéia central é a de lapidar imagem do candidato tucano.

Num instante em que o TSE acaba de condenar o PT e Dilma Rousseff por propaganda ilegal, José Serra se prepara para levar o rosto à televisão.

Em essência, a oposição planeja fazer exatamente o que criticou na ação que levou a Justiça Eleitoral a multar o partido de Lula e a candidata dele.

As três legendas que integram a coligação oposicionista negociam uma tática conjunta de comunicação.

Afora os lotes de inserções de 30 segundos, os partidos pró-Serra dispõem, juntos, de uma vitrine televisiva de 30 minutos.

São dez minutos, em horário nobre, para cada legenda.

O programa do DEM vai ao ar em 27 de maio.

O do PPS, em 10 de junho.

E o do PSDB, em 17 de junho.

Embora tenham autonomia para decidir o que será veiculado, os partidos decidiram seguir a mesma linha de ação.

Luiz González, o marqueteiro escalado para cuidar da campanha de Serra, esboça o conteúdo das peças.

Decidiu-se, por ora: 1.

A exemplo do que fez o PT com Dilma, a oposição usará a propaganda partidária para lustrar a imagem de Serra. 2.

Não haverá ataques diretos a Lula.

Não se pretende tampouco deslustrar a biografia de Dilma. 3.

Planeja-se sustentar a tese de que os avanços sociais e econômicos obtidos pelo país decorrem de um esforço de vários governos.

Coisa de 25 anos.

Trata-se de uma tentativa de atenuar a pregação de Lula que induz à ideia de que as coisas só entraram nos eixos em 2003, quando ele chegou ao Planalto. 4.

Analisa-se a hipótese de levar ao ar críticas pontuais a iniciativas da gestão Lula.

Um papel que poderia ser exercido pelo DEM e pelo PPS.

Porem… 5.

Porém, pretende-se enfatizar, sobretudo na peça do PSDB, a tese segundo a qual o que é bom será mantido e aperfeiçoado.

Pela lógica, PSDB e DEM, autores da representação que resultou na condenação do PT e de Dilma, deveriam protocolar uma nova ação no TSE.

A oposição fora à Justiça Eleitoral por considerar que o PT desvirtuara o programa que havia exibido em dezembro de 2009.

Em vez de trombetear ações partidárias, fizera campanha.

A propaganda veiculada pelo petismo na noite passada exacerbou a tática.

Dilma e Lula fizeram campanha ainda mais desabrida.

A despeito disso, dirigentes da oposição ouvidos pelo blog logo depois da decisão do TSE e da exibição da nova peça do PT mostraram-se divididos.

Hesitavam entre recorrer novamente ao TSE ou fingirem-se de mortos.

Por quê?

Sabem que, em poucos dias, mimetizarão o comportamento que criticam.

Eis o que disse ao repórter um dos mandachuvas da oposição: “Essa fase de pré-campanha está sendo marcada pela hipocrisia…” “…Imaginar que, com a eleição batendo à porta, os programas partidários não falarão das candidaturas, é como viver em outro mundo”.

A decisão sobre recorrer ou não contra a nova propaganda do PT será tomada nos próximos dias.

Seja qual for a deliberação, fica boiando na atmosfera a sensação de que a lei eleitoral, flagrantemente desrespeitada, reclama uma alteração do Congresso.

Por essa lei, a campanha de 2010 só começa em 5 de julho.

A propaganda eletrônica, só em agosto.

Curiosamente, os partidos que dão as cartas no Congresso são os mesmos que rasgam a lei que aprovaram para regular a eleição.

Como disse o ministro Marco Aurélio Mello no julgamento do TSE, vive-se “uma quadra de absoluta perda de parâmetros, de abandono a princípios, de inversão de valores.”