De Adriana Vasconcelos dO Globo A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a oposição reagiram ontem à manobra governista de usar a proposta do Ficha Limpa — que veda a candidatura de pessoas condenadas pela Justiça — para votar os quatro projetos relativos ao pré-sal.
Com urgência constitucional garantida pelo presidente Lula, os projetos do pré-sal estão trancando a pauta do Senado, assim como outras quatro medidas provisórias.
A declaração do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-AP), de que a prioridade do Planalto é aprovar os projetos do pré-sal e não o Ficha Limpa, causou constrangimentos até entre integrantes da base aliada.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, contestou a opinião de Jucá e reiterou que pretende entregar o projeto para sanção presidencial até o próximo dia 9.
Mas Sarney disse que não pode inverter a pauta, para pôr o Ficha Limpa na frente dos projetos do pré-sal.
Teria que ser acordado entre todos os líderes. — O projeto Ficha Limpa é uma aspiração nacional, uma necessidade que amadureceu na consciência do país.
Então, temos que fazer todo o esforço (para votar o projeto).
Acho que isso não é uma questão partidária, mas de ponto de vista, da consciência de cada um.
De maneira que, de minha parte, tenho outra visão — afirmou Sarney.
Jucá, porém, insistiu ontem que o Ficha Limpa não está entre as prioridades do governo. — O Ficha Limpa é um projeto da sociedade, não do governo.
Vamos obedecer à ordem de urgência na Casa — disse, confirmando que usará o interesse suscitado pelo projeto para acelerar as propostas do pré-sal.