Do IG A economia brasileira está às portas de registrar o maior crescimento dos últimos 24 anos.

Se confirmadas as expectativas do mercado, que apontam para alta de até 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, o Brasil vai abrir a nova década com a maior expansão econômica desde o Plano Cruzado, em 1986.

Serão cerca de 60 milhões de brasileiros que nunca viveram um ritmo tão acelerado de crescimento da economia.

Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, considere “um pouco exagerada” as previsões que ultrapassem os 6% de alta, o mercado se mostra mais otimista.

Dados do último Boletim Focus, do Banco Central, apontam para crescimento de 6,26% do PIB neste ano.

O resultado deste ano também marcará o maior crescimento econômico do Plano Real, lançado em 1994.

Antes de 2010, o maior PIB do Real foi registrado em 2007, quando a economia cresceu 6,1%.

O PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma região. É um dos indicadores mais utilizados para medir a atividade econômica entre países.

Na última vez que o Brasil cresceu acima dos 7%, a população brasileira ainda se via refém de um gigante que assolou a vida financeira de toda uma geração: a inflação descontrolada, que ultrapassava os 200% ao ano.

Em 1986, quando o PIB saltou 7,49%, o governo lançava o Plano Cruzado.

Na cartilha, medidas rigorosas contra a inflação: congelamento dos preços e de salários e a desindexação da economia faziam parte das medidas do novo pacote.

Naquele mesmo ano, o governo ainda lançou o Plano Cruzado II, para tentar frear a inflação disparada no pacote anterior, gerada pela cobrança disseminada de ágio nos produtos.

O Brasil de 2010 desponta em um cenário diferente.

No lugar do “fiscal do Sarney” – nome dado aos consumidores que faziam o controle dos preços nos supermercados – surgiu uma classe média ascendente, com alto poder de consumo.

Em cinco anos, mais de 97 milhões de pessoas passaram a fazer parte da chamada classe C.

Além disso, as bases macroeconômicas sólidas e o mercado financeiro estruturado levaram o País à condição de “bola da vez” no cenário pós-crise. “Um crescimento de 7% previsto para 2010 representará uma das cinco maiores taxas de crescimento do mundo”, diz Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Banco Bradesco.

Ele explica que, em 1986, o crescimento de 7,5% foi obtido ao custo de “uma série de distorções” na economia.

Segundo Barros, o Plano Cruzado trouxe ganhos de curto prazo, aumentando o consumo até então represado das famílias, mas gerando desequilíbrios, por conta do congelamento de preços e da ausência de controle dos gastos públicos. “Hoje é possível crescer 7% com uma economia muito mais previsível, fruto das políticas macroeconômicas acertadas adotadas nos últimos 15 anos e, em especial, desde 1999, quando foram implementados o regime de metas de inflação, o câmbio flutuante e a maior responsabilidade fiscal”, completa.