Por Carol Pires, do estadão.com.br O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), sinalizou na tarde desta quarta-feira, 12, que não se esforçará para dar celeridade à votação do projeto Ficha Limpa, proposta para barra a candidatura de políticos condenados pela Justiça.

O votação da proposta foi concluída ontem à noite pela Câmara dos Deputados e, a partir de agora, será analisada pelo Senado, antes de seguir para sanção presidencial.

Jucá disse que não tem compromisso com a votação do projeto até o dia 5 de junho - data que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, entende ser a data limite para que o projeto valha ainda para as eleições de outubro. “Não temos que votar o projeto à toque de caixa”, disse o senador, para ponderar que este projeto pode “a qualquer momento, comprometer a vida das pessoas”.

O líder afirmou ainda que pretende “se debruçar” sobre o projeto e, se preciso, apresentar emendas que o alterem.

Caso essas emendas sejam aprovadas, o projeto precisaria ser aprovado pelo Senado e depois voltar para uma segunda rodada de votação na Câmara dos Deputados, atrasando, assim, a possível sanção do texto pelo presidente Lula. “Nós vamos votar com tranquilidade.

Eu vou me debruçar sobre o projeto e posso propor emendas”, completou.

Jucá ainda vetou, de antemão, a possibilidade de um acordo de líderes para dar caráter de urgência ao Projeto Ficha Limpa, como defende alguns senadores.

A urgência seria necessária, uma vez que os quatro projetos que tratam do marco regulatório do pré-sal (matéria prioritária para o governo neste momento) têm prioridade na fila de votação.

Com urgência, os projetos do pré-sal precisam ser votados antes de qualquer outra matéria.

No entanto, a oposição é contra a aprovação dos projetos e promete atrapalhar as discussões do projeto visando adiar o quanto puder a votação deles.

Isto, por consequência, atrasaria também a aprovação do projeto Ficha Limpa.

Romero Jucá afirmou ter dúvidas em relação ao projeto, e citou como exemplo a parte do texto que prevê que os políticos serão impedidos de concorrer a cargo eletivo caso tiverem sido condenados “por decisão colegiada” da Justiça. “Colegiado é o que?

Tribunal de contas de primeira instância é colegiado?

Tribunal regional de primeira instância é colegiado?

Temos que votar porque é importante para melhorar os quadros eleitorais.

Nós queremos aprovar rápido.

Mas analisar antes ,e se for o caso, emendar”, disse.