Do Jornal do Commercio Quatro meses depois do início da implantação da nova rede estadual de pronto-atendimento, a Secretaria Estadual de Saúde tem registrado redução da procura pelas grandes emergências e contabilizado nas unidades recém-inauguradas uma média de 300 pacientes por dia.

As novas portas de acesso ao SUS, no entanto, têm gerado novas demandas para serviços municipais e clínicas especializadas do Estado, entre elas as estranguladas neurologia, neurocirurgia e trauma, que enfrentam redução de médicos.

Além disso, aquece a disputa no mercado de trabalho, ajudando na evasão de profissionais da rede básica, ambulatórios e urgências municipais. “Minha mãe foi muito bem atendida na UPA da Caxangá, mas precisou ser transferida para o Hospital Getúlio Vargas e não vem recebendo a mesma atenção.

Está na sala vermelha e minha esposa a encontrou numa maca de chão, exposta às moscas”, contou aos prantos o marceneiro Alexandre Exaltação.

Silvaneide Bezerra queixava-se semana passada na entrada do Hospital da Restauração da falta de vaga em UTI. “Meu filho de 19 anos bateu a cabeça num acidente de moto e está há três dias esperando terapia intensiva”, contou.

Embora o Estado venha registrando esvaziamento dos corredores das emergências, o Sindicato dos Médicos considera que não houve redução na superlotação do HGV, HR e Otávio de Freitas. “Sem investimento em outras áreas, as UPAs se tornam uma rede paralela”, avalia o presidente do sindicato, Sílvio Rodrigues.

Uma das unidades, a da Imbiribeira, aberta na Zona Sul do Recife, no primeiro dia, fez 700 atendimentos.

A média, no entanto, tem variado de 300 a 400 pacientes diariamente.

Em todas as seis inauguradas na capital, Olinda, Igarassu, Paulista e São Lourenço da Mata, o atendimento é feito por classificação de risco, onde se priorizam os casos mais graves.

As organizações sociais que administram os serviços observam que o público atraído não se restringe apenas ao do entorno, mas inclui pessoas de outras regiões. » Em São Paulo, secretário faz balanço positivo da parceria com as OS Secretários de Saúde das cidades que receberam as UPAs estaduais reconhecem o valor dos novos serviços no atendimento a sua população e da vizinhança, inclusive pelo nível da estrutura física oferecida. “Não temos como negar a ajuda que a nova unidade tem nos dado”, avalia Tereza Miranda, secretária de Olinda, primeira cidade a contar com o serviço.

Segundo ela, a abertura do serviço desafogou unidades municipais.

Gerou uma redução de 30% no movimento do pronto-socorro de adultos e 15% na emergência pediátrica.

No Hospital Tricentenário, conveniado ao SUS, são dois mil atendimentos a menos por mês.

No entanto, a UPA gerou uma preocupação. “Paga salários acima do que podemos oferecer na nossa rede.

Perdemos profissionais”, diz.

Para ela, é hora de discutir uma melhor articulação da UPA com o restante da rede.

Olinda também tem interesse de assumir a gestão da unidade em 2012.

No Recife, o secretário-executivo de Saúde, Tiago Feitosa, também reconhece o valor das UPAs na assistência à população, embora não tenha observado redução nas policlínicas municipais.

Defende discussão ampla com o Estado sobre o fortalecimento da atenção básica e integração das novas unidades à rede instalada. “Quando se investe mais em pronto-atendimento, o paciente vai continuar só tendo tratamento nos problemas agudos.

Precisamos tratar o doente continuadamente.” Segundo Feitosa, os municípios bancam 70% dos custos do Programa Saúde da Família, que tem perdido médicos e recebido mais demanda.

Doentes atendidos pelas UPAs da capital acabam sendo encaminhados aos postos para receber medicação que complete o tratamento.

O secretário de Saúde de Paulista, Nelson Falcão, também defende uma discussão entre prefeituras e Estado sobre a integração dos serviços. “O sistema de saúde é complexo, tem que haver um diálogo constante”, avalia.