Em São Paulo não é só o Estado que tem unidades de saúde geridas por organizações sociais, as OS.

Na capital paulista, dos 18 hospitais da rede municipal, cinco têm gestão terceirizada.

Desses, apenas dois são novos.

Lá a lei permite a gestão de hospitais que já existem.

Além das cinco unidades hospitalares, 295 dos 859 equipamentos de saúde da capital são geridos pelas OS.

Neste bolo estão 115 unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA), que absorvem a demanda de baixa e média complexidade.

No ano passado, as AMAs atenderam 10 milhões de pessoas.

Cada AMA tem sala de emergência, raio-X e ambulância.

Só 1% dos casos precisa de retaguarda hospitalar.

Por ano são feitas 26 milhões de atendimentos.

O sistema é informatizado e traz o histórico médico do paciente.

Para que o controle dos serviços das organizações sociais seja garantido, o número é reduzido.

Vinte e cinco são cadastradas, mas hoje apenas oito têm alguma parceria com a prefeitura.

Cooperativas não são aceitas e o acompanhamento é rigoroso.

O parceiro tem que ter credibilidade técnica e social.

Transparência é outro fator que norteia o programa de parceria.

Cada despesa, até mesmo os salários, são divulgados na internet.

Relatórios periódicos de acompanhamento também são publicados online. » UPA aumenta inclusão e cria novas demandas Os contratos com as OS são por tempo indeterminado, mas havendo falhas podem ser rompidos a qualquer momento.

Uma OS que passou por problemas que afetaram o cumprimento das metas já foi substituída no município.

A Secretaria Municipal de Saúde enfrentou problemas parecidos com os que o governador Eduardo Campos teve de encarar aqui.

A bronca maior foi com as centrais sindicais. “Várias entidades, principalmente as ligadas à CUT (Central Única dos Trabalhadores), diziam que era privatização”, conta o secretário Januário Montone.

Segundo ele, a primeira dificuldade foi atrair parceiros.

Depois veio a etapa de construir metas. “Era preciso estabelecer o que esperar da rede de saúde.

A barreira seguinte foi vencer o preconceito inicial do servidor público, que temia ser substituído.

Mas o maior desafio foi vencer a inércia inicial”, afirma Montone.

As vantagens do modelo são evidentes, garante o secretário. “Aumentamos o número de consultas e diminuímos as filas nos pronto-socorros dos hospitais.

Hoje o desafio é manter a qualidade e ampliar o atendimento”, diz Januário Montone.

Em 2004, o número de atendimentos nos pronto-socorros era 5,5 milhões.

No ano passado, foram apenas 3,9 milhões.

Os números podem impressionar pela grandiosidade.

Mas é preciso levar em conta que a cidade tem nada menos que 11 milhões de habitantes.

O modelo de São Paulo é copiado em várias esferas pelo Brasil.

O governo de Pernambuco fez visitas ao Sudeste para ver como era o funcionamento.

O governo federal também se inspirou na experiência paulista.

Mas para Montone, a “cópia” federal não vai tão bem. “A UPA é uma AMA mal copiada porque as AMAs são completamente integradas com a rede básica”, argumenta.

O secretário admite que o serviço ainda não é perfeito. “Falta metade do caminho.

Mas se você não começar, não vai nunca chegar lá”.

Lá é o que ele chama de Meta SUS 100%. “É a pessoa saber quem vai cuidar dela e saber se cuidar através de prevenção”.