Por Carlos Xavier São notáveis os esforços empreendidos pelo governo federal nos últimos anos para o fortalecimento da indústria naval brasileira.

O surgimento de novos estaleiros e um grande volume de encomendas de navios tem caracterizado este período recente, principalmente por causa da demanda gerada pela Transpetro (subsidiária de logística da Petrobras), por meio do PROMEF - Programa de Modernização e Expansão da Frota, que privilegia a construção de embarcações em território nacional.

A atividade de construção naval gera fortes conseqüências econômicas para a região onde se instala.

Novos moradores se fixam na região e se capacitam para trabalhar no setor, que por sua vez gera efeito de expansão econômica e aglomeração industrial, uma vez que vários de seus fornecedores tendem a se instalar nas proximidades, especialmente quando a demanda é elevada em função da instalação de múltiplos estaleiros.

No caso de Pernambuco, o pleno funcionamento do Estaleiro Atlântico Sul e a perspectiva de instalação de novos empreendimentos de construção naval criam uma situação muito favorável à economia, especialmente enquanto a demanda por embarcações se mantiver aquecida.

Sabe-se que a atividade de construção naval é cíclica.

Há momentos de expansão e outros de retração.

Na última década vivemos um forte aumento da demanda por navios no mundo inteiro, especialmente para possibilitar o crescente comercio internacional e o incremento da exploração e produção de petróleo e gás.

Possuindo um longo ciclo de vida, as embarcações produzidas hoje serão suficientes para atender a demanda mundial e, em algum momento, esta sofrerá retração.

Durante os períodos de encomendas reduzidas, a construção naval da lugar a atividades que geram menos empregos e menores efeitos sobre a economia local, como a de manutenção e retrofit de embarcações.

A demanda se torna ainda menor quando se trata de navios de mais baixa tecnologia, como cargueiros e petroleiros.

Nesta fase do ciclo, o número de empregos tende a cair, assim como o volume de encomendas aos fornecedores locais, gerando forte impacto social na região.

De modo a evitar os possíveis riscos de afundar-se junto com a atividade de construção naval, Pernambuco deve fortalecer o pólo naval através da atração de novas indústrias do setor metal-mecânico e de incentivos para que as empresas instaladas venham a realizar localmente atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, o que pode consolidar Pernambuco não só como um pólo produtor de embarcações, mas de bens e serviços tecnologicamente avançados, o que geraria ainda mais riqueza local e menor vulnerabilidade econômica do estado.

PS: Carlos Xavier é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA carlos.xavierjr@uol.com.br twitter.com/carlosxavierjr