Por Edilson Silva Domingo foi encerrada a XIV edição do CinePE Festival do Audiovisual.

Sucesso de público, maior platéia de festivais de cinema do Brasil, “la bombonera” do cinema brasileiro, como disse um membro da equipe do longa Quincas Berro d’Água, na noite de sábado.

O CinePE é, mais que tudo, uma conquista do povo de nosso estado, desta platéia maravilhosa, sempre disposta a receber com carinho e calor humano os artistas e espetáculos que por aqui passam.

O sucesso do CinePE interage com o bom momento vivido pela sétima arte em nosso país, que por sua vez interage também com a expansão vertiginosa de incentivos e patrocínios, dentre os quais destacam-se, com larga vantagem, empresas públicas, como a Petrobrás.

Tem sido um esforço gigantesco para se alcançar este patamar.

Exatamente por perceber o que representam estes esforços e estas vitórias é que não consigo compreender e muito menos aceitar que o governo de Pernambuco seja tão desleixado e irresponsável com aqueles que fazem o maior diferencial do CinePE: o público.

Na segunda-feira, 26/04, na abertura do festival, uma senhora se negou a pagar adiantado a “taxa” para estacionar o carro na entrada do Centro de Convenções e ao ver a reação irada do “flanelinha” resolveu ligar para a polícia.

O flanelinha não teve dúvida: amassou a lataria do carro.

Nada de polícia na hora, na entrada do festival.

Taxistas, vigilantes e donos dos fiteiros ali localizados narram estas e outras histórias indignados.

No dia 1° de maio, sábado, a vítima foi este que vos escreve.

Saí de casa para ver o longa Quincas Berro d’Dágua.

Chegando ao Centro de Convenções, às 20 horas, mais ou menos, percebi muitas vagas disponíveis.

Estacionei meu carro bem próximo ao portão de entrada.

Ao tentar abrir a porta um sujeito, acompanhado de outro, postou-se ao lado da mesma, de forma que tive que sair com meia porta aberta.

Ele exigia R$ 5,00 adiantados para tomar conta do meu carro.

Disse a ele que na volta lhe daria alguma coisa, como sempre faço.

O sujeito, então, de forma absolutamente deseducada, quis me impor que eu tirasse o carro de “sua” vaga.

Encarei aquilo como uma modalidade de assalto. Óbvio que não aceitei e engrossei com o sujeito.

Disse a ele que chamaria a polícia, se fosse preciso, para mediar aquela situação inaceitável.

O sujeito, de uns 40 anos, aparentemente alcoolizado, estava irredutível e fiou-se num fato: não havia sequer uma única dupla de policiais fazendo a segurança na entrada do maior festival de cinema do Brasil.

Resultado: tive que engrossar ainda mais com o sujeito, os dois no caso, e deixar claro que se fosse necessário o negócio seria resolvido no braço.

Paciente e fazendo a minha parte na educação das ruas da cidade, liguei então para o 190.

Fiz um protocolo, n° 3254792, e fiquei esperando, ao lado do meu carro, uma viatura que demonstrasse ao “flanelinha” que a rua não era dele e que o “contrato” para tomar conta de carros deveria ser feito mediante convencimento e acordo, e não com coação.

Passaram-se quase 60 minutos e nada de polícia.

O flanelinha, que depois fiquei sabendo era um foragido da Justiça, evadiu-se, mas preferi guardar o veículo no estacionamento privado.

Perto de meia-noite, ao sair do festival, passei em frente ao Centro de Convenções e perguntei aos vigilantes e comerciantes se alguma viatura da polícia tinha passado por ali.

A resposta foi não. É por estas e outras que a organização do CinePE, ou o público mesmo, deveria instituir um prêmio à parte neste festival.

A estatueta da Calunga, o Oscar do CinePE, poderia ter uma versão amassada, quebrada, enferrujada, ou algo do tipo.

O governo Eduardo Campos, nesta XIV edição, levaria a sua estatueta, a Calunga Enferrujada, pela sua absoluta falta de responsabilidade com a segurança do público na entrada do festival.

Presidente do PSOL-PE e pré-candidato ao governo do Estado