Deu no Jornal do Commercio de hoje Um memorando enviado pelo presidente da Eletrobras, José Antônio Muniz, aos servidores da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) acendeu, mais uma vez, um alerta sobre a maneira como está sendo conduzido “o fortalecimento do Sistema Eletrobras”.
Há uma semana, Muniz recebeu orientações claras de seu chefe, o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
A ordem era manter o processo de fortalecimento da Eletrobras, mas recuperar a autonomia da Chesf.
Ontem, ao repassar aos funcionários o conteúdo da ordem que havia recebido, o presidente da Eletrobras foi evasivo e genérico.
Idealizador do esvaziamento da empresa nordestina, Muniz fala no documento interno que “82% dos projetos do Plano de Transformação (do sistema Eletrobras) estão concluídos” e em “participação integrada”, “governança corporativa” e “soma de experiências e informações”.
Entretanto, não sinaliza em nenhum momento mudanças nos estatutos das empresas que compõem o sistema Eletrobras.
Sem a mudança estatutária, a Chesf continuará fraca e dependente porque precisará de autorização da sua holding para fazer praticamente todas as operações – de uma hidrelétrica ao patrocínio de um filme, por exemplo.
Zimmermann determinou a recuperação da Chesf através do ofício nº 605.
Ele tomou esta decisão após ser pressionado pelo governador Eduardo Campos, que foi ao presidente Lula pedir a volta da autonomia da Chesf.
Lula atendeu a Eduardo e mandou o ministro refazer os planos. “O ministro obedeceu a Lula, mas José Antônio Muniz, ao que parece, não quer obedecer ao ministro”, diz um técnico do setor elétrico.
O teor do memorando ratifica as preocupações do Instituto Ilumina, ONG que atua no setor elétrico, de que há um movimento interno na holding para deixar a poeira baixar e não colocar em prática as determinações de Zimmermann e do presidente da República. “Não cumprir o ofício é jogar com a credibilidade”, afirma o diretor do Ilumina, Antônio Feijó.