Que os concorrentes do JC não nos dêem crédito, eu até posso entender.
Mas o próprio JC ignorar o resultado de seu trabalho em defesa do dinheiro público?
Não consigo entender.
Para os mais novos, recomendo a leitura da série Iluminação sob Suspeita, editada pelo JC em 2005, mostrando irregularidades nos contratos de Jaboatão, Olinda e Paulista.
Até agora, só Luciana Santos está passando algum constrangimento.
O trabalho de investigação e as denúncias foram feitas por mim, ainda como repórter de Economia do JC.
Quem estiver interessado em conhecer como funciona este pouco iluminado setor de serviços, dê uma olhada nas reportagens especiais do JC na página do portal.
Os textos tratavam das duas primeiras licitações para a transferência dos serviços de gerenciamento do sistema de iluminação pública da Celpe para prestadores de serviços – realizadas no ano de 2004 pela Prefeitura de Olinda e pela Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes – e investigadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) por suspeitas de irregularidades.
Essas suspeitas incluiam desde direcionamento nas licitações a superfaturamento nos preços dos contratos, em licitações que envolvem cifras milionárias – R$ 7,3 milhões em Olinda e R$ 8,5 milhões em Jaboatão.
O suposto esquema de beneficiamento foi denunciado ao JC por empresas que foram prejudicadas nas licitações e corroborado por duas auditorias do TCE.
Apesar das empresas sempre reclamarem de perseguição, jogo de interesse de firmas perdedoras, trata-se de falta de costume com um ambiente claro e transparente.
Os contratos de iluminação eram financiados com parte do dinheiro que o contribuinte paga na conta de luz.
Deviam, portanto, satisfação ao público.
Isto também vale para o TCE, que nunca julgou o caso da Citéluz.
Voltei a fazer essa cobrança pública em novembro de 2007.
E ainda tem algumas criaturas menores que se dizem perseguidas pessoalmente pelo meu trabalho.
Ex-prefeita de Olinda tem bens bloqueados Luciana Santos é investigada por indício de fraudes em licitação O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decretou ontem o bloqueio dos bens da ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PCdoB), de mais seis pessoas que integraram a gestão municipal e da empresa Citéluz Serviços de Iluminação Urbana Ltda.
Autor do pedido de indisponibilidade dos bens, o Ministério Público Estadual (MPPE) alegou “fortes indícios” de fraudes na licitação que escolheu a Citéluz para gerenciar e manter o parque de iluminação pública de Olinda, ao custo de R$ 7,3 milhões.
Em nota, Luciana anunciou que vai recorrer.
Na ação, a promotora Allana Uchôa de Carvalho apontou direcionamento na licitação para favorecer a Citéluz.
Ela alegou que no Brasil há poucas empresas privadas com capacidade técnica de executar completamente um sistema de iluminação.
Mesmo assim, a prefeitura licitou toda a gestão num único certame, exigindo qualificação bastante detalhada.
Das 49 empresas que adquiriram o edital, só oito atendiam aos requisitos.
A comissão de licitação não aceitou a participação em forma de consórcio, o que, para o MPPE, foi mais uma iniciativa para beneficiar a Citéluz.
O pedido do bloqueio dos bens foi negado na primeira instância, mas ontem o desembargador José Ivo de Paula Guimarães atendeu o pedido.
Além de Luciana, os cinco membros da comissão de licitação e a secretária de Obras de Olinda à época, Hilda Gomes, foram atingidos.
Hilda integrou as duas gestões da ex-prefeita e permanece na pasta no atual governo de Renildo Calheiros (PCdoB).
Na nota enviada, Luciana – pré-candidata à Câmara dos Deputados – afirmou que os questionamentos sobre o contrato “de natureza meramente formal” foram esclarecidos.
Ela sustenta, ainda, que a licitação propiciou ao município uma economia de 30% na despesa com energia e que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) ainda não se pronunciou definitivamente sobre o contrato. “Na própria ação promovida pelo MPPE não se cogita de apropriação de um único centavo por qualquer agente público”, finalizou.