Do Jornal do Commercio João da Costa, pela primeira vez, externou as razões que levaram ao rompimento com João Paulo: “Ele queria assumir meu papel” O prefeito do Recife, João da Costa (PT), deu ontem as declarações mais incisivas para justificar o rompimento com o antecessor e padrinho político, João Paulo (PT), desde que o distanciamento entre eles ficou evidente. “Ele (João Paulo) queria continuar como prefeito, mesmo eu sendo o eleito.

Essa condição eu não aceitei.

Ele queria assumir meu papel”, afirmou, em entrevista à Rádio Capibaribe.

Em junho de 2009, apenas seis meses depois de Costa assumir o cargo, a relação entre ambos começou a se complicar.

E desde então a saída para justificar a deterioração do relacionamento entre eles era que houve “um distanciamento”, sem maiores explicações.

Problemas herdados da gestão anterior e mudanças em cargos-chaves ocupados por pessoas de confiança de João Paulo – em especial da ex-secretária Lygia Falcão – seriam as causas do descontentamento dos dois lados.

Além de acusá-lo de tentar assumir o papel de “prefeito de fato”, Costa desferiu críticas administrativas ao antecessor no tratamento dado ao Orçamento Participativo (OP), justamente o carro-chefe para a sua eleição.

Disse que nos últimos dois anos da segunda gestão João Paulo, “quase nada” em verbas foi liberado ao programa, contradizendo o discurso de campanha de que o OP foi prioritário nas duas gestões petistas.

A entrevista, de cerca de 20 minutos, tratou de problemas urbanos, negociação salarial com os servidores e teve boa parte dedicada ao rompimento.

Costa deu as declarações em resposta a João Paulo, que disse ter elegido “um ilustre desconhecido” para sucedê-lo.

O prefeito relativizou a força de João Paulo para sua eleição.

Reconheceu que o antecessor “ajudou muito” para a vitória, mas acrescentou que teve luz própria na disputa. “Fui dois anos antes (na eleição, em 2006) o deputado estadual mais votado do Recife, coordenei o OP e andei por todas as comunidades da cidade.

Os delegados do OP me conhecem pelo nome”, disse.

Ele também procurou afastar a pecha de “traidor”, ao afirmar que não rompeu com o ex-prefeito. “Ele é que está deixando de ser meu amigo.” A assessoria de João Paulo informou que ele estava fora do Recife, não tomou conhecimento da entrevista, e, por isso, não iria comentá-la.