Por Edílson Silva, especial para o Blog de Jamildo Não há peça publicitária que sustente uma enganação por muito tempo.

Para que uma inverdade tenha um mínimo de sucesso no tempo, é preciso que ela tenha pelo menos algumas doses de verdade.

O fracasso do governo Eduardo Campos na área de educação no final de seu governo é prova disto.

Falta a este governo pelo menos algumas doses de verdade em sua propaganda sobre a situação da educação.

Quando, há quatro anos atrás, dissemos que este governo seria, de imediato, superior ao seu antecessor, dada a mediocridade política deste último, também afirmamos que o então novo governo rapidamente apresentaria seus limites, pois estava enredado numa lógica política e administrativa conservadora, de costas para as necessidades materiais e simbólicas de segmentos como a educação.

Os antecessores imediatos de Eduardo Campos no governo do Estado trataram a educação, os professores e sua organização sindical, na base da truculência nua e crua.

Os descontentes eram tratados na base da mordaça e da asfixia financeira, como, por exemplo, com o corte do repasse das consignações ao sindicato da categoria, o SINTEPE.

O diálogo era na base de cavaletes, cães, spray de pimenta e Tropa de Choque da PM.

Tempos assim não devem voltar mais.

Lamentavelmente, Eduardo Campos se limitou a substituir esta truculência deplorável por uma mesa de negociação de mentirinha, de enrolação, e por um laptop para cada professor.

Parece inclusive que teve a coragem de atribuir ao tempo em que concedeu estes “avanços” de “ano da educação”. Óbvio que esta postura, também desrespeitosa com a categoria, tinha prazo de validade bastante curto.

Não demorou para o governador ganhar o título de inimigo da educação por parte dos professores, diante de sua intransigente recusa em respeitar a lei que instituiu o Piso Nacional do Magistério e da aprovação de um Plano de Cargos na Assembléia que retira direitos da categoria.

Neste processo de cozinhar em banho-maria a categoria dos trabalhadores em educação, o governo vinha e vem contando com o apoio de setores governistas atuantes nos movimentos social e sindical.

Setores ligados a partidos governistas, como o PT.

Não à toa a direção do PT condenou os professores por estes, em assembléia, declararem o governador um inimigo da educação.

Não à toa, em recente fórum do próprio PT, a cúpula partidária negou-se a fazer uma crítica ao governo que trata o piso nacional do magistério como letra morta.

O governo Eduardo Campos e seus satélites comportam-se como inimigos da educação.

Não se trata, em absoluto, de demagogia de nossa parte.

As reivindicações apresentadas pela categoria são absolutamente razoáveis: exigem que seu piso salarial, de pouco mais de R$ 1,3 mil, fruto de uma dura luta em nível nacional, seja respeitado.

Reivindicam um mínimo de dignidade para permanecer na carreira, de forma a planejar suas vidas como professores.

Não reivindicam muito, reivindicam o básico.

Mas Eduardo Campos e seus satélites estão comprometidos com outros interesses.

Não falta dinheiro para abastecer o sistema financeiro.

Não faltam recursos para as obras que ajudam a enriquecer grandes fornecedores e clientes do Estado, nem que para isto endivide-se ainda mais o Estado.

Felizmente os trabalhadores em educação estão no caminho certo, pois um dos primeiros passos a serem concretizados quando se entra numa luta como esta, é identificar quem são os verdadeiros adversários.

Presidente do PSOL-PE e pré-candidato ao governo do Estado.