Por Fernando Castilho, especial para o Blog de Jamildo Foi assim.
Numa das confraternizações que o empresário João Carlos Paes Mendonça tradicionalmente promove no mês de dezembro, o então prefeito recém-eleito João Paulo de Lima e Silva confessou para um grupo de jornalistas: " hoje eu posso dizer que tenho a casa sob meu comando.
Mas no primeiros três anos foi difícil segurar os interesses partidários de tanta gente que nos ajudou a vencer Roberto Magalhães e que estava no governo." João Paulo sabia do que falava.
Foi “uma barra” governar com aliados de segundo turno que, uma vez no governo, “vazavam” todas as intrigas e dificuldades, criando incêndios que o prefeito precisou sair apagando até dominar a máquina.
Dito isso é fácil entender porque tantas correntes do PT querem “esfolar” a direção do partido controlado pelo grupo de Humberto Costa explodindo para o público a convivência complicada de PSB e PT desde a Prefeitura de João Paulo, a despeito do partido ter indicado o vice de João da Costa, o próprio presidente do partido no Estado, Milton Coelho.
Na verdade, por trás do constrangimento criado por parte do partido no última final de semana existe “um troco” pelas dificuldades criadas pelo PSB na administração João Paulo e acirradas no episódio que excluiu o ex-prefeito da chapa majoritária.
Além da frustração do interesse dos servidores da Educação.
Mesmo que isso enfraqueça Humberto Costa.
Isso não quer dizer que o governador Eduardo Campos não se beneficie de incêndio dentro do PT, partido que vai chegar para ser um aliado na chapa majoritária fragilizado, permitindo que ele imponha seus desejos e interesses.
Mas o episódio revela que o governador Eduardo Campos também tem um complicado mosaico para montar até o dia 30 de junho, quando seu partido vai aprovar a chapa na qual ele tentará a reeleição.
Talvez maior do que o do PSDB e o DEM, com esse angustiante silêncio do senador Jarbas Vasconcelos que só amanhã anuncia se concorre ou não ao governo de Pernambuco Sim é verdade.
Eduardo é o dono do processo. É ele que o comanda e ele decide em que hora se sagrará candidato.
Por exemplo, Eduardo disse que vai esticar até a última hora no último minuto do último dia a chapa com a qual vai a disputa e ninguém vai dizer nada.
Ou seja: a Humberto Costa e a Armando Monteiro Neto não haverá outra coisa a fazer senão sofrer e esperar.
Mas um fato que Eduardo não esperava foi o que viu sábado quando o PT de Humberto revelou que está rachado em várias bandas.
O governador constatou que tê-lo na chapa não significa que terá entusiasmo, militância e mobilização.
Ele certamente não contava com isso, mas viu que Humberto Costa não lhe entregou o que vendeu.
E isso depreciou o valor de mercado do ex-ministro da Saúde na disputa majoritária.
Eduardo já sabe, por observar outros Estados, que o PTB também não vem para Dilma com a simpatia de Lula e José Dirceu.
Aliás, ele sabe melhor que ninguém que quem manda no PTB é Roberto Jefferson.
E que não pode contar com o partido ao qual está filiado o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto.
Ele viu que esta semana, em São Paulo, já disseram ao delegado Romeu Tuma não tenrá vaga na chapa do PT de Mercadante.
Ora, vendo tudo isso é claro que Eduardo vai ver como vem o PTB em nível nacional.
E pode por isso mesmo só decidir tudo dia 30 de junho.
Aliás, ele ficou mudo sobre as notícias que tratam dos desvios de deputados do PTB no ministério do Turismo e deixou a Monteiro Neto a tarefa de sua própria defesa.
Eduardo desde ontem não tem mais Ciro para lhe ajudar aqui.
Só poderá contar com Dilma, acabando com a situação ideal para ele: ter o apoio para o governo de dois presidenciáveis.
Agora, ele só poderá contar com Dilma.
Ou, na verdade, ele é quem vai ajudar Dilma.
E ainda tem o problema do vice João Lyra.
Mantido na chapa, Lyra será governador quando Eduardo precisar deixar o governo daqui a quatro anos, mas como acertar isso agora?
Ou seja: o governador sabe que sua chapa está para montar.
Não porque não tenha postulantes, mas porque os postulantes hoje são mais dependentes de seu prestígio junto aos prernambucanos do que podem agregar votos a ele no pleito majoritário.
Então o que Eduardo ganha com esse quadro?
Só ele sabe.
Mas como é do ramo, o govenador deixou tudo para os 45 minutos do segundo tempo.
Até porque ele estará como o apito para escalar quem ele quiser.
Mas será que ele está tranquilo?
Fernando Castilho assina Coluna JC Negócios no Jornal do Commercio