Por Chico Ludermir A quatro dias da marcha da maconha, que deve ser realizada no próximo domingo, uma audiência pública no Plenarinho da Câmara dos Vereadores tenta desmistificar o uso terapêutico da Cannabis.

Deixando de lado questões moralistas, o debate ressaltou o uso medicinal e a história da erva no Brasil.

O médico do Programa Saúde da Família, Giliate Coelho, listou a importância de medicamentos à base da droga e destacou que a medicina não defende a liberação total, mas sim para fins médicos.

Segundo ele, já existem evidências clínicas sólidas que mostram a eficácia do uso. “A maconha tem uso analgésico importante , até 200 vezes mais potente que a morfina, diminui o glaucoma e evita náuseas e vômitos, podendo ser usado associado a tratamentos quimioterápicos”, disse. “Mesmo que o álcool fosse proibido, todos continuariam a reconhecer a sua importância para assepsia médica”, comparou.

A redução de danos surgiu como ponto controverso no debate desta manhã.

Se por um lado, o médico defende que em pacientes viciados em crack a maconha tem consequências positivas, reduzindo o sintoma da fissura, o vereador petista Luiz Eustáquio defende que “a maconha tem sido uma porta de entrada para o crack”.

Coube a Eustáquio a argumentação contrária.

Pelo terceiro ano seguido desaprovando a marcha da maconha, o político é incisivo. “Abrir a porta para o uso medicinal abriria o caminho para o vício”.

Em diversos países a discussão já trouxe modificações legais.

Canadá, Reino Unido Bélgica, Holanda, Espanha, Argentina, Israel, Itália, Alemanha e 14 estados dos Estados Unidos já concebem o uso terapêutico da Cannabis.

A audiência pública foi proposta pelo vereador Osmar Ricardo do PT.

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