Do Blog de Josias de Souza Visto no Amazonas como “inimigo” da Zona Franca de Manaus, o tucano paulista José Serra recorreu a uma promessa para tentar seduzir o eleitorado amazonense.

Mais do que “fortalecer” a zona de livre comércio, Serra disse que, eleito, vai torná-la permanente. “Mais que compromisso, é uma decisão", disse.

Serra falou, na noite desta segunda (27), ao programa televisivo “Momento da Amazônia”, transmitido para os Estados do Norte do país (AM, AC, AP, RO e RR).

A Zona Franca foi criada em 1967, ainda no regime militar.

Cresceu à custa de incentivos fiscais.

Hoje, conta com mais de 400 indústrias.

O estímulo fiscal foi idealizado como temporário.

Mas foi sendo sistematicamente prorrogado.

Para desassossego da indústria paulista, que sempre se queixou de concorrência desigual.

A Constituição de 88 pré-datou os incentivos da Zona Franca.

Estabeleceu que seriam extintos dali a 25 anos.

Em 2013, portanto.

Porém…

Porém, em 2003, primeiro ano da gestão Lula, o Congresso aprovou emenda constitucional que deu sobrevida ao tônico fiscal até 2023.

Corre no Senado projeto que estica o prazo em mais dez anos, até 2033.

O autor é o líder tucano, Arthur Virgílio.

Na entrevista, Serra declarou-se a favor da emenda Virgílio.

Mas como que decidido a afastar a pecha que lhe custa votos, acrescentou: “No governo, vou querer ir mais longe, tornando a Zona Franca perene".

O “compromisso” do candidato encontra explicação nas urnas de 2002 ee de 2006.

Em 2002, ano em que disputou o Planalto pela primeira vez, Serra obteve escassos 30% dos votos dos amazonenses.

Lula prevaleceu com 69%.

Em 2006, o então presidenciável tucano Geraldo Alckmin, paulista como Serra, foi, de novo, surrado por Lula no Amazonas.

Agora, às voltas com uma disputa que se prenuncia como apertada, Serra tenta atenuar a desvantagem.

Daí a promessa de tornar permanente o que nasceu sob o signo da temporariedade.