A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) abriu, hoje (26/4), seu escritório operacional no Recife.

Ao todo, 66 profissionais estão atuando na nova filial, situada no bairro do Pina.

A sede da empresa permanecerá em Brasília, com um gabinete da Presidência.

Conforme o estatuto da Hemobrás (Decreto 5.402/2005), a empresa tem sede e foro na capital federal, mas pode instalar, manter e suprimir, no País e no exterior, unidades escritórios ou representações.

A mudança das operações de Brasília para o Recife tem o objetivo de aumentar a eficiência e a eficácia do funcionamento da Hemobrás, reduzindo custos com logística e aumentando a interação com órgãos do governo de Pernambuco, como a Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (ADDiper), a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

Além disso, a estatal vinculada ao Ministério da Saúde vai melhorar as negociações com empresas privadas que terão interface com a fábrica de hemoderivados que será construída no município de Goiana, a exemplo da fornecedora de energia elétrica.

Até o fim deste semestre, a empresa deve iniciar a construção de 2 dos 19 blocos da planta industrial: B-01, destinado à estocagem do plasma, e B-17, que abrigará os geradores de energia elétrica.

Iniciada em fevereiro, a licitação da obra habilitou quatro das sete empresas que participaram do certame: Consórcio Damiani/Kraftwerk, TEP/Squadro/Mendes Júnior, Serpal/Muniz Araújo e Tecsul/Refririo.

As concorrentes Comtérmica Comercial Térmica Ltda, Consórcio J.A.G./ADR e Consórcio Kremer/Proclima foram desabilitadas por não apresentar as documentações ou qualificações técnicas necessárias.

No segundo semestre deste ano, a Hemobrás lançará edital para os demais blocos da planta industrial.

A empresa decidiu fazer a licitação separada de B-01 e B-17, estimada em R$ 28 milhões (sem os custos indiretos), para adiantar a obra já que os projetos executivos dos dois primeiros blocos estão prontos, enquanto os demais precisam de ajustes até o fim deste semestre.

Este serviço vem sendo elaborado pela Hemobrás com o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), parceiro na transferência tecnológica da planta industrial.

As obras físicas de toda a fábrica serão concluídas em 2012 e a operação plena está prevista para 2014.

O valor total do empreendimento é de R$ 540 milhões, incluindo a construção e os equipamentos.

Com área de 2,7 mil metros quadrados, o B-01 será um dos blocos mais importantes da futura fábrica.

Nele, ocorrerão a recepção, a triagem e a estocagem de plasma humano, matéria prima dos medicamentos derivados do sangue.

O produto será armazenado em uma câmara fria a -35º C, operada por dois robôs já adquiridos pela Hemobrás.

O bloco B-01 poderá fazer o armazenamento do plasma mesmo antes do funcionamento pleno da fábrica, gerando economia para o Ministério da Saúde e para os hemocentros, que gastam mais de R$ 3 milhões por ano o aluguel de câmaras frias para a estocagem e o envio deste material para o exterior, onde atualmente são elaborados os hemoderivados.

No bloco B-17, haverá quatro geradores com 500 KVA de potência, cada.

Além de B-01 e B-17, a fábrica da Hemobrás englobará os blocos industriais: B-02, prédio do fracionamento do plasma para produzir os hemoderivados; B-03, reservado para o envase e a liofilização (desidratação) dos medicamentos; B-04, prédio de empacotamento; B-05, destinado à estocagem dos produtos acabados e ao almoxarifado; B-06, prédio do laboratório de controle de qualidade; sede administrativa e demais blocos de apoio, a exemplo do B-18, reservado à subestação de 15 MVA (megavolts-ampère) - potência equivalente ao consumo médio de uma cidade brasileira com 150 mil habitantes.

A fábrica da Hemobrás será a maior do segmento de hemoderivados da América Latina e uma das âncoras do Polo Farmacoquímico de Pernambuco.

Com capacidade de processar 500 mil litros de plasma por ano, a planta industrial produzirá albumina, utilizada em pacientes queimados ou com cirrose e em cirurgias de grande porte; imunoglobulinas, que funcionam como anticorpo para pessoas com organismo sem defesa imunológica; fatores de coagulação VIII e IX, coagulantes para portadores de hemofilias A e B; fator de Von Willebrand e complexo protrombínico, estes dois últimos também proteínas coagulantes usadas em pessoas com outros problemas na coagulação do sangue.

O Brasil despende, hoje, cerca de R$ 800 milhões na importação dos hemoderivados.

Esses medicamentos são fornecidos a 8 mil pessoas com hemofilia atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de portadores de imunodeficiência genética ou adquirida, cirrose, câncer, aids, queimados.