Por Alfredo César Melo, de Chicado, especial para o Blog de Jamildo Com um texto deselegante, pontuado por expressões claramente agressivas, o jornalista Alberto Lima expôs, neste blog, um arrazoado bastante apressado e leviano sobre a trajetória política do ex-prefeito João Paulo.
O mais grave, no entanto, é levar-se a sério a ponto de vaticinar que, diante dos últimos fatos políticos, João Paulo demoliu seu passado, seu presente e seu futuro.
Mesmo sem base em qualquer pesquisa ou avaliação mais rigorosa do quadro político pernambucano, Lima pretendeu dar ao conhecimento público um texto com ares acadêmicos.
Só que o estilo é de panfleto encomendado, com sintaxe do século XIX.
Para dissecar a obra do mestrando da Sorbonne, convém dividir as observações abaixo entre fato e fantasia, entre desejo e realidade, entre verdade e má fé: 1 – Não é verdade que João Paulo tenha negado vida própria a João da Costa, seu sucessor na Prefeitura do Recife.
Mesmo quando era prefeito, João Paulo prezou por uma relação baseada na confiança e na autonomia de seus auxiliares, entre os quais se incluía o atual prefeito, então secretário de Planejamento.
O fato é que João da Costa, eleito pelas mãos de João Paulo, abandonou o projeto com o qual havia se comprometido em campanha.
Da mesma forma, passou a perseguir, de forma sistemática, algumas pessoas mais ligadas ao ex-prefeito.
Muitas delas foram sumariamente demitidas ou colocadas no ostracismo; 2 – Não é verdade que João Paulo aceitou “uma cadeira improvisada” de secretário estadual.
O fato: ao aceitar o convite do governador Eduardo Campos, João Paulo tinha em mente o fortalecimento do projeto administrativo e do campo político ao qual sempre esteve ideologicamente vinculado; 3 – Não é verdade que João Paulo tenha entregado sua vaga ao Senado, como sugere o jornalista, no auge de sua imensa desinformação.
O que houve foi uma imposição da Direção Nacional do PT em benefício de Humberto Costa, membro da executiva do partido.
Usou-se, como argumento, uma pesquisa cujos números não batem, nem de longe, com os de outros levantamentos, públicos e internos, feitos por outros institutos. 4 - Se o PT se enfraqueceu, como o jornalista sugere, com a indicação de Humberto para o Senado, isso não se deu por culpa de João Paulo.
Quem conhece a política pernambucana, sabe quem, dentro do PT, sempre foi subalterno ao arraesismo, apequenando o partido, tornando-o uma sublegenda do PSB em Pernambuco.
O ex-prefeito João Paulo definitivamente não pode ser identificado com essa ala do PT.
João Paulo foi sempre comprometido com o fortalecimento do partido em Pernambuco e luta até hoje para que o partido seja uma voz altiva na cena política pernambucana.
Finalmente, vale destacar que o capital eleitoral do ex-prefeito João Paulo só tem crescido nos últimos anos e as urnas, em 3 de outubro, irão comprovar.
Análises pessimistas em relação ao destino político de João Paulo nem sempre são aceitas automaticamente pela sociedade que, nos dias de hoje, passa por um saudável processo em que a intermediação de iluminados nem sempre é necessária.
Alfredo César Melo - Formado em ciências sociais pela UPPE, doutorado em literatura pela Universidade da California, é atualmente professor de cultura brasileira na Universidade de Chicago, Estados Unidos. – Alfredo Cesar Melo Assistant Professor Department of Romance Languages & Literatures The University of Chicago Leia o indigitado artigo abaixo João Paulo, o mínimo