Do Jornal do Commercio Em entrevista depois de um almoço no Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que, se necessário, o Estado fará sozinho a obra da usina de Belo Monte, ao ser perguntado sobre possível desistência de empresas do consórcio vencedor.

Lula defendeu o leilão realizado, onde o grupo vencedor é liderado pela estatal Chesf, afirmando que os críticos reclamam até do baixo preço fixado para a energia.

Para Lula, empresas podem entrar ou sair do empreendimento. “Nós, enquanto Estado, enquanto empresa pública, faremos sozinhos, se for necessário fazer.

No leilão, entrou quem quis, sai quem quiser depois.

Não tem cadeado na porta.

Tem várias portas: quem quiser entrar, entra, quem quiser sair, sai, não tem problema.

Belo Monte, Santo Antônio e Jirau são coisas que nossos adversários torcem para não dar certo.

Vi um cidadão dizer: isso é política.

Quem não quis fazer política, fez o apagão”, disse Lula.

Perguntado se construtoras poderiam aderir, ele disse que sim, que “não tem problema”.

Belo Monte é uma obra repleta de polêmica.

Além de prejuízos ambientais e a comunidades indígenas, há uma importante questão financeira: o Rio Xingu não tem vazão suficiente para fazer a usina produzir a plena capacidade.

Só durante dois meses por ano, Belo Monte produzirá toda energia que é capaz.

Nos demais, operará com turbinas desligadas, o que reduzirá sua eficiência.

A Chesf foi chamada às pressas para participar do leilão porque empresas privadas não viram viabilidade na obra.