Vera Rosa dO Estado de S.Paulo No dia em que o governo começou a acertar com o PSB a retirada de Ciro Gomes do páreo presidencial, Dilma Rousseff defendeu o PMDB.
Em entrevista à Rádio 730, de Goiânia, Dilma afirmou que a corrupção pode acontecer “em todos os lugares” e deu estocada no ex-ministro, ao dizer que ninguém deve ter a “soberba” de associá-la a um determinado partido. “A questão da corrupção não pode ser confundida com um partido ou uma sigla”, comentou a candidata do PT à Presidência. “Os seres humanos são diferentes, a corrupção é uma questão de desvio de conduta e isso pode acontecer em todos os lugares.
A gente não pode ter essa soberba ao analisar os outros.” Magoado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o PT, que o isolaram ainda na largada da corrida ao Planalto, Ciro bombardeou a parceria dos petistas com o PMDB.
Dono de língua afiada, chegou a dizer que aliança entre o PT e o PMDB era “terreno fértil” para a corrupção e um “roçado de escândalos semeados”.
Apesar de elogiar Ciro e destacar que respeita suas opiniões, Dilma deixou claro que o PMDB é seu aliado preferencial na campanha.
Após muita polêmica em relação ao nome do vice em sua chapa, a petista disse que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), é mesmo o mais cotado para fazer dobradinha com ela.
Dilma garantiu que o governo Lula sempre teve um “cuidado muito especial” no combate à corrupção e foi o que mais desencadeou operações da Polícia Federal para investigar e punir culpados.
Disse que antes da gestão do PT só os pobres eram presos, mas em nenhum momento citou o escândalo do mensalão, que atingiu o Planalto e dizimou a cúpula do partido, em 2005. “Eu acredito que o PMDB e o PT deram grandes contribuições ao País, para a democracia.” Modelinho.
Em mais de uma ocasião ela tentou amenizar as dificuldades para reproduzir nos Estados a aliança nacional com o PMDB.
Ao contrário de Lula, que disse ser praticamente impossível o candidato ao Planalto subir em dois palanques no mesmo Estado, Dilma condenou o enquadramento. “Cada situação regional vai ser diferenciada”, argumentou a petista. “Não é possível ter uma regra geral no Brasil, na qual todo mundo segue aquele modelinho e aí, quando a coisa não dá certo, as pessoas se surpreendem.
Acho que não pode ser assim.” Para Dilma, é possível conviver com dois palanques, desde que haja um acordo de procedimentos.
Na avaliação da cúpula do PT, a pior situação ocorre em Minas - o segundo maior colégio eleitoral do País.
Lá, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, vão disputar uma prévia, no dia 2 de maio, para decidir quem deve ser o candidato do PT ao governo mineiro.