AE - Agência Estado Na galeria de seus ex-presidentes, a União Nacional dos Estudantes (UNE) ostenta a foto do pré-candidato do PSDB José Serra.

Entre 1963 e 1964, o tucano que vai disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou a entidade estudantil.

Hoje, 46 anos depois e com R$ 10 milhões em verbas federais no cofre, a organização discute apoio formal a Dilma Rousseff, pré-candidata petista.

Boa parte das correntes internas da UNE vai defender durante o 58.º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), que se realiza no Rio entre hoje e domingo, o apoio a Dilma. “A minha opinião é que a UNE tem de manter uma postura de independência no pleito, sem declarar apoio formal a nenhum dos candidatos”, diz o presidente, Augusto Chagas. “A maioria das correntes que compõem a direção UNE está também na base do governo.

Então, defendem a candidatura de Dilma à Presidência”, admitiu Augusto.

O líder estudantil diz que houve uma abertura maior no governo Lula para o diálogo com a entidade. “No período do governo FHC, a UNE tinha dificuldade de diálogo.

Nunca havia sido recebida pelo ministro da Educação.

O que mudou foi o tratamento.

Lula, por sua trajetória, estilo e convicções, passou a ter a postura de estabelecer diálogo com alguns atores da sociedade.

A UNE procurou ocupar esse espaço”, reforçou.

Augusto Chagas defende o recebimento de verbas federais, frutos de emendas parlamentares e patrocínios de estatais. “É correto que os governos ajudem.

Não há nada de ilegítimo e politicamente inaceitável nisso”, alegou.

Augusto criticou recentes declarações de Serra e sua postura como governador de São Paulo diante da greve de professores. “José Serra foi presidente da UNE.

Recentemente ele deu uma declaração de que a UNE hoje é partidária.

Ele foi infeliz, porque a UNE na época dele sempre teve organizações políticas à frente.

Serra foi presidente da entidade por ter sido referência e liderança do movimento político que existia na organização.

Na atual realidade política brasileira, ele representa interesses da elite, do setor mais conservador da nossa sociedade.

A relação que manteve e desenvolveu com movimentos sociais foi trágica.

Veja o caso dos professores.

O governo Serra tem a postura de não fazer questão de estabelecer diálogo. É uma cegueira que se estabelece”, criticou.