Deu em O Globo.com Em entrevista depois de um almoço no Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que, se necessário, o Estado fará sozinho a obra de construção da usina de Belo Monte, ao ser perguntado sobre possível desistência de empresas que participaram do consórcio vencedor.

Lula defendeu o leilão realizado, onde o consórcio vencedor é liderado pela estatal Chesf, afirmando que os críticos reclamam até do baixo preço fixado para a energia.

Para Lula, empresas podem entrar ou sair do empreendimento. - Nós, enquanto Estado público, enquanto empresa pública, faremos sozinhos, se for necessário fazer.

O leilão, entrou quem quis, sai quem quiser depois.

Não tem nenhum cadeado na porta.

Tem várias portas: quem quiser entrar, entra; quem quiser sair, sai, não tem problema.

Belo Monte, Santo Antônio e Jirau são coisas que nossos adversários torcem para que não dê certo.

Vi um cidadão dizer: isso é política.

Quem não quis fazer política, fez o apagão - disse Lula.

Perguntado se construtoras poderiam aderir ao projeto, ele disse que sim, que “não tem problema”.

Lula disse ainda que, em breve, o governo lançará o projeto do Complexo de Tapajós, como novo tipo de plataforma hidrelétrica.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou nesta quinta-feira não ter recebido qualquer tipo de notificação sobre a desistência de empresas que participam do consórcio Norte Energia, vencedor do leilão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Nota oficial divulgada pelo Grupo JMalucelli nega os rumores de que não teria interesse em continuar no consórcio vencedor.

A empresa detém 9,98% no consórcio.

O possível afastamento da construtora Queiroz Galvão (com 10,02%) do consórcio não foi oficialmente confirmada nem negada pela empresa, até o momento.

O presidente ironizou as críticas ao leilão de Belo Monte: - Agora, o argumento dos contra foi o de dizer que o preço foi barato.

Achei isso fantástico.

E estamos dando conta da questão ambiental.

São R$ 3,5 bilhões do custo do projeto para impacto ambiental.

Foi um grande leilão porque não é uma empresa que impõe o preço que ela quer.

Essa gente levanta de manhã torcendo para que haja um apagão.

E não terá apagão, a não ser que haja uma catástrofe.

E contra catástrofe, só Deus pode.

O governo jogou pesado para que o consórcio Norte Energia, liderado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) fosse o vencedor da concorrência para construção da usina de Belo Monte .

Pouco antes do leilão, a Eletrobras mandou um recado para os dois consórcios em disputa, determinando que a taxa de retorno do empreendimento deveria ser de apenas 8%, bem abaixo dos 12% esperados pelas empresas privadas.

Diante dessa exigência e temendo prejuízos com a obra, o consórcio Belo Monte Energia, liderado pela construtora Andrade Gutierrez, decidiu por uma proposta conservadora, enquanto a estatal Chesf apostou na rentabilidade menor.