Debate qualifica propostas para Tamarineira No site do Observatório do Recife O Observatório do Recife (ODR) promoveu, na última segunda-feira (12.04), o debate sobre as propostas para a Tamarineira, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
A área, onde atualmente funciona o Hospital Psiquiátrico Ulisses Pernambucano, vem sendo palco de discussões sobre projeto que envolve a transferência da unidade de saúde e a construção de um parque, shopping center e museus no local.
Recentemente, o grupo empresarial carioca Realesis celebrou um contrato com a Arquidiocese de Olinda e Recife para alugar o terreno onde hoje funciona o hospital, causando polêmica na sociedade e dividindo opiniões.
O evento direcionado a todos os cidadãos recifenses foi uma forma de promover uma análise do contexto do projeto, seus desdobramentos e os impactos para a vida da cidade.
Após introdução sobre o Observatório do Recife, foi feita a leitura de carta com 12 diretrizes referentes ao projeto enviada pelo grupo empreendedor Realesis que não pôde comparecer ao evento.
Depois da leitura, o gerente administrativo do Hospital Ulysses Pernambucano e integrante do Movimento Amigos da Tamarineira, Luiz Carlos, destacou a importância do trabalho realizado pelo Hospital, única unidade de emergência psiquiátrica do Estado.
De acordo com o economista Sérgio Buarque, a inserção de um equipamento do gênero, desde que observada a legislação e levando em consideração os seus impactos no entorno, serviria como um indutor ao desenvolvimento econômico de bairros como Água Fria e Casa Amarela, além de impactar em corredores de transporte, como a Avenida Norte.
Outro aspecto explorado no debate foi a importância de se ter um projeto de cidade.
A professora de Arquitetura e Urbanismo da Unicap, Amélia Reynaldo, explicou que é necessário considerar as diretrizes do poder público num contexto urbanístico, além de condicionar o projeto arquitetônico a referências da cidade e do seu desenvolvimento urbanístico.
Para Amélia, é preciso pensar na cidade que se quer para se superar os desafios da cidade que se tem.
O professor e diretor do Instituto Oceanário, Luiz Lira, explanou sobre a realidade do ciclo hidrológico do Recife, áreas de infiltração, construções desordenadas, o problema da impermeabilização do solo natural, a pouca área verde e os reflexos negativos para a cidade, como alagamentos.
Segundo Lira, a área da Tamarineira é importante para a absorção das águas das chuvas e na amenização do clima da região e qualquer projeto a ser realizado na área deverá levar este aspecto em consideração.
Para o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, João Alberto Carvalho, há a necessidade de se entender a assistência de saúde mental numa forma multidisciplinar e integral.
João Alberto visualizou a importância da prevenção, da integração dos pacientes com a sociedade e não a sua exclusão.
Cravalho disse, ainda, que o Hospital Ulysses Pernambucano desenvolve tratamento de saúde mental sendo uma referência nacional de qualidade no trabalho desenvolvido.
O presidente do Instituto Pelópidas da Silveira, da Prefeitura do Recife, Milton Botler, disse que qualquer projeto para a Tamarineira terá que se ajustar às definições do Plano Diretor do Recife, às respectivas análises técnicas.
Também poderão ser realizadas audiência pública para discutir o assunto.
Portanto, Como a área é tombada pelo patrimônio estadual deverá ser solicitada a anuência das instâncias estaduais quando a Prefeitura receber o projeto para estudos. “Além de selecionar e monitorar indicadores sobre a qualidade de vida no Recife, o ODR estará atento para ampliar o debate, discutir com os gestores públicos e agentes da sociedade sobre os principais aspectos que afetem a vida dos recifenses.
A melhoria e cuidados com nossas praias, rios, monumentos, espaços públicos e patrimônio urbano devem ser discutidos com os setores público e privado para avançar na gestão urbana e comprometer os cidadãos nessas ações.
Um dos intuitos do ODR ao promover eventos como este é justamente o de ampliar a cidadania ativa junto a toda a sociedade” avalia o representante do ODR, Rubén Pecchio.