Por Murilo Aragão do Blog do Noblat A possibilidade de Ciro Gomes (PSB) disputar a presidência da República pelo PSB é altamente incerta.

Diante dessa mesma percepção, ele escreveu duro artigo criticando seu próprio partido e a aliança PT-PMDB.

A realidade é que a candidatura de Ciro perdeu consistência quando o bloco formado por PDT, PCdoB e PSB implodiu.

As duas primeiras legendas decidiram apoiar a candidatura de Dilma Rousseff (PT) ao Planalto atendendo apelo do próprio presidente Lula.

Outro aspecto que inviabilizou Ciro Gomes foi o fato de ele ter ficado estagnado nas pesquisas, com cerca de 10% das intenções de voto, enquanto Dilma cresceu impulsionada pelo apoio do presidente e popularidade do Governo.

De acordo com última pesquisa Datafolha, Ciro perdeu o terceiro lugar nas pesquisas para Marina Silva (PV), o que enfraquece ainda mais a tese de candidatura própria no PSB.

Além disso, no momento atual, uma tendência de polarização entre Dilma e Serra parece inexorável.

Ambos monopolizam as atenções e os demais candidatos surgem como coadjuvantes sem brilho.

E pior: sem máquina eleitoral.

A realidade da política é dura.

Uma candidatura presidencial competitiva é feita de muitos ingredientes.

Muito mais do que a vontade de ser candidato e algum prestígio nas pesquisas.

Para manter-se viável como candidato, Ciro tem que ampliar suas articulações e, sobretudo, convencer ao PSB que – no mínimo – a sua candidatura é boa para fortalecer o partido nas articulações de 2011.

Sozinho, Ciro teria pouco tempo de televisão, estrutura partidária limitada e acesso restrito a recursos financeiros para sua campanha.

Ou seja, uma candidatura com incertas chances de sucesso.

No limite, Ciro está ficando emparedado entre os compromissos do PSB com Lula e o seu projeto pessoal.

Ciro Gomes, como era de se esperar, resiste em desistir de ser candidato a presidente.

E ele não está sozinho.

Em São Paulo, o PSB local lançou movimento a favor de sua candidatura.

Sem Ciro na disputa, a candidatura de Paulo Skaf ao governo paulista perde densidade.

Apesar de seu inegável valor como político, Ciro nunca conseguiu expandir – de forma consistente – suas bases de apoio para ser um candidato viável.

Além da personalidade forte e do recall nas pesquisas por conta das eleições presidenciais que disputou (1998 e 2002), sua candidatura carece de suporte em outras áreas da sociedade.

Mesmo que não seja, parece ser um projeto personalista.

No momento, o cardápio de opções para Ciro está se reduzindo.

Não sendo candidato a presidente, ele concorre como deputado federal por São Paulo ou não será candidato a qualquer cargo eletivo.

Para alguns, dado o seu desencanto, a segunda opção hoje parece a mais provável. É uma pena.

Ciro seria um grande candidato e animaria muito a campanha com sua retórica poderosa.

Murillo de Aragão é cientista político