do portal Terra O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista aos Diários Associados, afirma que o pré-candidato tucano à eleição, José Serra, prega o fim da reeleição por querer aproximar Aécio Neves, ex-governador mineiro. “Para tentarem convencer o Aécio a ser o vice, vieram até me propor que, se o PT e o PSDB estivessem juntos numa reforma política para aprovar cinco anos, seria o máximo, a gente aprovaria”, disse.

Lula afirma que está “mais animado” com a campanha da ex-ministra Dilma Rousseff do que com a sua própria e admite que mudou de opinião sobre o fim da reeleição.

Segundo Lula, um mandato presidencial de quatro anos dificulta a realização de “obras estruturantes”.

O presidente despista sobre um futuro cargo na ONU e diz que, após o mandato, será uma “pedra no calcanhar do PT” no que diz respeito à discussão do projeto de reforma política.

Lula falou ainda sobre Dilma Rousseff, Aécio Neves, Ciro Gomes, além de lembrar os 50 anos de Brasília e os casos de corrupção na capital federal.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista do presidente divididos por temas: Brasília: “O significado de Brasília como capital não pode ser confundido com os administradores que cometeram absurdos”, disse Lula em referência aos escândalos que envolveram o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM).

O presidente destaca que a capital federal tem motivos de sobra para se orgulhar de seu crescimento, contudo, ele lembra a situação adversa a qual as pessoas são submetidas nos Entornos.

Reeleição: O presidente afirma que “não quer mais” o fim da reeleição.

Segundo Lula, quatro anos é pouco tempo para a conclusão de ¿obras estruturantes¿ e discorda da proposta do PSDB de um mandato de cinco anos sem reeleição.

O presidente conta que a ideia seria uma tática para atrair Aécio Neves como vice na chapa da oposição. “É importante ter em conta que eles reduziram o mandato de cinco para quatro anos pensando que eu ia ganhar as eleições em 1994.

Eles ganharam e, em 1996, aprovaram a reeleição.

Aí, para tentarem convencer o Aécio a ser o vice, vieram até me propor que, se o PT e o PSDB estivessem juntos numa reforma política para aprovar cinco anos, seria o máximo, a gente aprovaria.

Eu falei para meu companheiro interlocutor: “Olha, eu era contra a reeleição, agora eu quero que tenha a reeleição mesmo se você ganhar, porque em quatro anos você não consegue fazer nenhuma obra estruturante, nenhuma”.

Dilma Rousseff: O presidente afirma que está “muito mais animado” com a campanha de Dilma Rousseff do que com a própria campanha.

Lula nega que a eleição da aliada seja uma questão de honra, mas de pragmatismo. “Meu governo já foi avaliado com a minha reeleição.

Ele será biavaliado se eleger a Dilma.

Daí a minha responsabilidade”.

O presidente diz que focará a campanha da ex-ministra em outros Estados, além do Nordeste. “Não existe eleição ganha antes da apuração, mas o carinho que o povo nordestino e do Norte têm por mim é de relação humana forte”.

Michel Temer: “O Temer dará a segurança de um homem que deu a vida pública já de muito tempo, tem uma seriedade comprovada no Congresso e hoje está mais fortalecido dentro do PMDB.

Se ele for o indicado pelo partido, dará a tranquilidade de que nós não teremos problemas de governabilidade”, afirma Lula, que já levantou dúvidas sobre a aceitação do peemedebista como vice de Dilma.

Aécio Neves: Lula diz que Aécio Neves como vice de José Serra poderá “desgastar” a imagem do ex-governador de Minas que, segundo ele, está “qualificado para ser o que quiser”.

O presidente diz ainda que uma eventual chapa tucana com Aécio “vai colocar muita dúvida na cabeça do povo mineiro”.

Minas Gerais: Embora esteja vivendo uma guerra interna causada pela escolha do candidato a governador em Minas gerais, o PT, segundo Lula, “tinha e tem chance de ganhar na medida em que o Aécio Neves (ex-governador de Minas) não é candidato e ninguém pode transferir 100% dos votos”.

O presidente reprova prévias entre Patrus Ananias e Fernando Pimentel. “A prévia é importante, mas não pode ser usada para resolver problemas que os dirigentes criaram e não conseguem resolver”, afirmou.

Ciro Gomes: Lula diz que espera a permissão do PSB para conversar com Ciro.

Segundo o presidente, ele disse a Ciro que jamais pediria para uma pessoa ou partido não ter candidato a presidente se não tiver “argumento sólido”. “Eu estou convencido de que essa deveria ser uma eleição plebiscitária.

Fazer o confronto de ideias, programas, realizações”, afirmou.

São Paulo: Assim como foi preciso se aliar a um empresário de grande porte (José de Alencar) para ganhar a confiança do empresariado brasileiro e ser eleito, Lula recomenda que Aloísio Mercadante faça o mesmo na escolha de seu vice nesta eleição para o governo de Estado. “O Alencar teve importância para mim que não é a da quantidade de votos, mas da quantidade de preconceito que quebrou”.

Reforma política: Lula teria admitido ressentimento por não ter feito a reforma política, mas diz que “Quando eu deixar a Presidência, vou ser uma pedra no calcanhar do PT para que o PT coloque a reforma política como prioridade”.