Por Reinaldo Azevedo, em sue blog …
E a dupla Lula-Dilma vai, então, saudar a maior usina da história destepaiz, o maior leilão da história destepaiz, a maior obra pública da história destepaiz e outros ineditismos de que nem desconfiamos.
E, no entanto, estaremos diante de uma das narrativas mais enroladas da história destepaiz… A Odebrecht e a Camargo Corrêa não caíram fora de Belo Monte porque já tocam obras o que chega, como afirmou Dilma Rousseff.
Estão fora porque a energia a R$ 83 o megawatt-hora é irrealista.
Até aí, sempre poderiam apostar que, irrealista embora, em caso de vitória, o resto poderia se acertar depois.
E por que, então, a recusa em participar do processo?
Segundo o que se diz por aí, porque a sua presença seria apenas um tributo que a virtude (a disputa) estaria prestando ao vício.
Vale dizer: o consórcio Belo Monte Energia, liderado pela Vale do Rio Doce e pela Andrade Gutierrez, já teria abiscoitado o negócio — com o BNDES financiando espantosos 80% da operação.
Verdade ou mentira?
Vamos ver.
Por enquanto, como eu disse, as restrições de natureza ambiental estão salvando minimamente o ambiente moral do processo.
Mas a liminar, dado o histórico, tem tudo para ser cassada.
E Dilma vai bater bumbo.
Quem vai concorrer com a Belo Monte Energia?
Um consórcio formado na semana passada, literalmente no joelho.
Então vejamos: o governo passa sete longos anos até fazer o leilão de Belo Monte.
Dos potentados que participaram, ao longo desses anos, dos estudos de viabilidade técnica de Belo Monte, dois caem fora.
Resta um, que agora vai concorrer com um ajuntamento formado de afogadilho.
O modelo Dilma Rousseff de leilão é realmente revolucionário: se ganhar a Belo Monte Energia, ganha quem já se sabia ser o consórcio vitorioso antes de qualquer processo legal.
Se ganhar o outro consórcio, formado a toque de caixa, será certamente uma irresponsabilidade.
Dita essa mesma coisa de outra maneira: se ganha a técnica, falta a moralidade; se ganha a moralidade, falta a técnica.
O “modelo” Dilma não consegue juntar essas duas coisas numa só.
E por que o governo precisa tanto de Belo Monte?
No que dá para afirmar fora de uma delegacia de polícia, porque isso estaria a indicar a operosidade da candidata, com o seu modelo que imporia preços baixos, pensando, evidentemente, no nosso bem.
Já vimos a sua competência no caso das estradas federais.
Exaltou-se em prosa e verso o modelo petista de concessão: leilões a preços módicos com pedágios idem.
Pois é: está tudo, literalmente, empacado. É um sucesso que se celebra com buracos, desbarrancamentos e mortes.
Aposto que as peças de publicidade já estão prontas.
Declarado o vencedor, entram no ar como a “maior obra etc, etc, etc”.
Amigos que entendem do riscado dizem que as restrições dos ambientalistas fazem sentido.
Olhem, não sei… Eu nunca vi eles se contentarem com nada que não seja a natureza primitiva.
Meu problema com eles também é de fundo filosófico.
Entendemos de modo diverso a marcha da civilização.
Por isso não entro nessa seara.
Aos nove anos, fiquei revoltadíssimo com um texto que previa o fim da Amazônia no ano 2000… Felizmente, era mentira.
As mistificações recentes sobre o aquecimento global também me dizem que é preciso tomar cuidado com os apocalípticos, embora admita que a coisa pareça atrapalhada também nessa área.
Mas notem: mesmo que o meio ambiente estivesse sendo plenamente respeitado, o que é inaceitável no leilão de Belo Monte, caso de fato aconteça, é a falta de um meio ambiente moral respeitável.
PS do Blog de Jamildo.
Ao falar de natureza, Reinaldo me faz lembrar, neste último ponto, reportagem de uma figurinha do jornalismo, que chegou a prever o fim do São Francisco com a transposição, ainda no governo Arraes, que fazia oposição a FHC e o mesmo projeto de águas, na verdade um projeto de desenvolvimento nacional.
O rio continua no mesmo lugar, cheinho.
O tal jornalista abandonou o jornalismo de batente para assessorar políticos.
Melhor para o jornalismo local e a cobertura do setor elétrico.
Poucos devem saber, mas a também celebrada Dilma, por exemplo, que fazia o plano de Lula para o setor de energia, descobriu pelo JC que as usinas locais já usavam bagaço de cana na produção de energia.
Nada me surpreende neste setor.