O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) realizará, nesta terça-feira (20) às 9h30, no Centro Cultural Rossini Alves Couto, na Boa Vista, uma audiência para ouvir o geólogo, psicólogo e diretor do Instituto Oceanográfico de Pernambuco, Luiz Gonzaga Gomes Lira, a respeito dos impactos climáticos e do solo que as construções de um shopping center e de um espaço cultural podem trazer à área ocupada atualmente pelos hospitais Ulisses Pernambucano e Helena Moura, na Tamarineira.
O objetivo da audiência é esclarecer sobre a utilização do solo no terreno, quais os efeitos climáticos e o que acontecerá com o escoamento das águas da chuva com as novas construções.
A promotora de Justiça com atuação em Meio Ambiente e Urbanismo, Bettina Guedes, afirmou que o intuito é ouvir o especialista a fim de instruir o inquérito civil. “Da mesma forma que ouvimos outros especialistas, vamos ouvi-lo para atestar as condições do clima, do solo e do escoamento das águas na região.
Por ser uma área importante como escoador de água, faz-se necessário verificar que impactos trariam para a população e se as construções estarão respeitando as condições da localidade”, destacou a promotora.
Já a promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Ivana Botelho, salientou que a área verde (“a floresta urbana”) da Tamarineira tem de ser preservada devido ao tombamento da mesma. “Mesmo que a Santa Casa de Misericórdia – responsável pelo terreno – tenha interesse nas novas construções, devem ser averiguadas as possíveis formas de utilização na localidade e sua devida preservação”, ressaltou. “As árvores urbanas estão sendo dizimadas, a exemplo do que fizeram com parte da vegetação da Mata da Tamarineira.
O paradoxal é estarmos num processo de aquecimento global, sendo as matas e as florestas elementos importantíssimos no combate ao aumento da temperatura”, atestou Luiz Lira em seu artigo “A preservação da Mata da Tamarineira”.
Ele também explica no mesmo artigo a questão do escoamento das águas. “A água da chuva quando cai na cidade segue três caminhos: uma parte escoa através dos rios e canais, outra parte infiltra e, finalmente, o restante evapora.
Quando coincide a chuva com período de marés altas, basta cerca de 50mm de água da chuva e, em poucas horas, é um ‘Deus nos acuda’.
A impermeabilização da cidade, que vem crescendo claramente, obriga a água ir ao encontro do mar essencialmente pelos rios e canais que se encontram abarrotados de lixo”, relatou o estudioso.