Por Augusto Coutinho Os índios pernambucanos não têm muito o que comemorar no seu dia.

Há quase quatro meses, a FUNAI pernambucana foi desmontada pelo governo federal.

Até agora, apesar de várias promessas, não há nenhuma data ou perspectiva do que vai acontecer.

Enquanto esperam por uma definição, mais de 40 mil índios do estado estão desassistidos.

Para o bem ou para o mal, a FUNAI em Pernambuco era no mínimo uma ponte direta para se cobrar ações em favor da população indígena.

Sem um novo rumo administrativo, o que está acontecendo é que os escritórios de Alagoas e Paulo Afonso ficaram com a responsabilidade de atender Pernambuco.

Não dá para entender a lógica, se é que há alguma, por trás de mais esse desmonte.

Não há explicações.

Não há sequer uma única pessoa que saiba dizer o motivo que levou o governo federal a extinguir a FUNAI pernambucana. É tudo vago e incerto.

Certeza mesmo é que o que já não era um paraíso agora é caos.

A FUNAI já enfrentava diversas queixas da população indígena local quanto à execução de suas ações.

No entanto, isso não explica nem justifica seu fechamento.

A decisão parece ter sido administrativa.

Mas, se foi, pesou apenas a burocracia.

O que precisava ser feito – e nunca foi – era uma reestruturação seguida de uma política real de atendimento aos índios.

Passou longe.

O que funcionava mal, simplesmente deixou de existir.

O governo federal mostra, assim, que seu discurso sobre respeito às etnias, à diversidade é pura balela.

Na prática, não dá a mínima para a situação de um contingente grande de cidadãos relegados, agora, à própria sorte.

Coloco-me ao lado dos índios pernambucanos.

A estapafúrdia decisão do governo é de uma irresponsabilidade gritante.

Que este dia, 19 de abril, Dia do Índio, sirva como um marco para cobrarmos do governo federal uma solução imediata para a questão.

O governo estadual, por sua vez, precisa tomar uma atitude.

Mas, como tem feito com a Chesf, com medo de ferir os brios de Lula, o governador prefere o silêncio.

A omissão, melhor dizendo.

Cobro de público mais uma vez: governador, use de toda a sua “influência”, que tanto gosta de alardear, junto ao supremo mandatário.

São 40 mil pernambucanos deixados à míngua. É preciso, ao menos, que seja dito o que vai acontecer.

No mais, minhas congratulações a todas as tribos de brasileiros indígenas por este dia. É uma data importante para se refletir e cobrar ações dos governos.

Relegar a população indígena ao esquecimento, como vem sendo feito, é tão e somente dar continuidade à longa e triste história de injustiça e desrespeito com os primeiros donos desta terra.

Deputado Augusto Coutinho (DEM) é líder da oposição na Alepe. www.augustocoutinho.com.br https://twitter.com/augustocmelo