Os jornais de hoje nem citam o episódio, ou por não terem espaço ou por não terem notado.

No entanto, um momento bem simbólico do encontro do Cedes, no Palácio do Governo, com o ministro as Minas e Energia, sobre o futuro da Chesf, ocorreu com a participação do seu presidente.

Você concebe que o futuro de uma empresa seja debatido e o seu presidente não seja ouvido?

Foi o que aconteceu ontem.

Não se deu a palavra ao engenheiro Dilton da Conti.

Não sei se foi por isto, mas ele acabou abandonando a reunião e causou um certo mal estar.

A única hora em que foi chamado ao debate ocorreu quando o ministro Zimmermann precisou de socorro ao ser questionado pelos técnicos e aposentados da Chesf, que reclamavam que a empresa não tinha sido chamada a participar de um projeto fora da região.

Zimmermann invocou o testemunho do presidente.

Depois disto, Da Conti saiu sem ser anunciado e o ministro perguntou por ele, encontrando o canto mais limpo.

Não se sabe se a intenção era humilhar o presidente da estatal, que afastou-se de Eduardo Campos e não representa o PSB no comando da estatal, pelo menos de fato.

No entanto, o ministro ainda chegou a dar uma estocada na direção da empresa logo depois.

A reunião do Cedes foi palco de argumentações de técnicos e representantes do Instituto Ilumina, organização não-governamental que atua no setor elétrico e vem contestando as mudanças.

Quando alguns deles falaram que as mudanças estavam sendo impostas goela abaixo, o ministro mandou um recado para o presidente da empresa Dilton da Conti: “A Chesf não pode só aceitar e depois dizer que teve que engolir as decisões (tomadas pelo governo federal)”.

Além de questões políticas, a questão de fundo na Chesf é muito mais complexa e delicada, envolvendo os bastidores do arraesismo.

Quem sabe nas minhas memórias.