Leandro Colon da Agência Estado O ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) afirma que a denúncia do Ministério Público (MP) contra ele sobre o chamado “escândalo da bezerra” é “manipulação eleitoral”. “Denuncio à população do Distrito Federal e de todo o Brasil a manipulação eleitoral de algumas autoridades constituídas que deveriam, dentro de seu dever e obrigações, preservar a honra e a dignidade dos cidadãos”, disse Roriz, em nota divulgada por sua assessoria.
Na terça-feira, seis promotores do DF apresentaram à Justiça denúncia pedindo que Roriz e mais cinco pessoas sejam condenados por improbidade administrativa e devolvam R$ 223 mil aos cofres públicos.
A denúncia afirma que o Banco de Brasília (BRB) foi usado na simulação de uma transação bancária para repassar dinheiro ao ex-governador.
Em sua defesa, Roriz alega que os recursos seriam oriundos de empréstimo pessoal para comprar o embrião de uma bezerra. “É inaceitável, inclusive para a opinião pública que, na proximidade do processo eleitoral - em que lidero todas as pesquisas com intenções de voto da ordem de 50% -, surja uma ação de improbidade administrativa, depois de três anos de investigação”, afirmou o ex-governador.
O episódio, revelado em julho de 2007, culminou com a renúncia dele ao mandato de senador para evitar um processo de cassação.
Antigo aliado e hoje adversário do governador cassado José Roberto Arruda, Roriz é candidato a governador nas eleições de outubro.
Lançou no sábado passado seu escritório político em Brasília.
Em 2007, o político foi flagrado pelo MP num diálogo em que acerta com o então presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklim de Moura, o desconto de um cheque de R$ 2,2 milhões da Agrícola Xingu destinado ao empresário Nenê Constantino, um dos donos da empresa aérea GOL.
Segundo as investigações, Roriz ficaria com R$ 270 mil.
No diálogo, ele sugere que o restante do dinheiro seria dividido por “muita gente”.
Em sua defesa, o ex-governador alegou que os R$ 270 mil seriam um empréstimo de Nenê Constantino para comprar o embrião de uma bezerra na Universidade de Marília. “Qualquer outra ilação, qualquer outro entendimento ou juízo de valor se refere a interpretações equivocadas, algumas delas de absoluta má-fé”, disse Roriz, na nota.
O problema é que, segundo a investigação, o cheque era do Banco do Brasil (BB) e Nenê Constantino não possuía conta no BRB.
Ou seja, Roriz usou um banco do governo do DF de forma ilegal para sacar recursos.
O BRB, diz a denúncia, foi lesado pelos envolvidos porque não tinha “legitimidade” para descontar um cheque do BB.
Todos teriam agido “no intuito de satisfazer interesse particular de Joaquim Roriz e Constantino de Oliveira”.