Roberto Almeida, Clarissa Oliveira dO Estado de S.Paulo Pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra disse ontem que a política de privatizações “não é um ponto central do programa de governo” tucano.
Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Serra aproveitou para rebater críticas do PT, que acusa o governo Fernando Henrique Cardoso, do qual fez parte, de “entreguista”.
Os petistas estão decidido a explorar as privatizações no confronto com o PSDB.
No último sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou diretamente o ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB), que elogiou as ações do governo FHC na área e foi aplaudido. “Não quero esses aplausos”, disse o presidente.
Serra rebateu Lula e afirmou que o governo federal teve tempo suficiente avaliar as privatizações e reestatizar empresas, mas não o fez. “Quem era contra a privatização teve oito anos pra mudar tudo, e ninguém mudou nada.
Se fossem erradas, teriam facilmente mudado isso, sem problema nenhum”, declarou.
Segundo ele, tudo o que o País precisava transferir para a iniciativa privada já foi transferido.
E defendeu o período FHC. “Por exemplo, a siderurgia, que no mundo inteiro não é o governo que toca porque é uma empresa tipicamente privada - e acaba fazendo cabide de emprego - assim como petroquímica e mesmo telecomunicações.” Serra fez crítica direta ao aparelhamento de estatais. “As instituições têm de ser fortalecidas e fazer políticas corretas.
E não ser usada por partido nem para favorecer grupos.” Mote.
O PT joga no tucanato a responsabilidade por trazer o assunto à tona.
A ordem na campanha da ex-ministra Dilma Rousseff é alegar que não se trata de partir para o ataque, mas de “não levar desaforo para casa” diante de críticas à defesa de um Estado forte, indutor do crescimento. “Não fomos nós que reaquecemos este assunto.
Quando colocamos nas diretrizes do nosso programa o fortalecimento de entes estatais, como Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, fomos chamados de chavistas, de chineses”, disse o presidente do PT e coordenador da campanha de Dilma, José Eduardo Dutra.
O plano dos petistas é aproveitar o tema. “Vamos fazer um contraponto claro.
Eles tentam se colocar como parceiros do êxito e críticos do insucesso. É preciso mostrar que eles são oposição”, justifica o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, que integra a coordenação da campanha petista.
As privatizações são assunto recorrente nas campanhas presidenciais do PT desde 1998.
Em 2002, quando o então candidato encarnou o “Lulinha paz e amor”, o tom foi mais ameno, mas, em 2006, essa foi a peça-chave da estratégia para enfraquecer o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno da eleição.