Por Augusto Coutinho O MST começou hoje mais uma onda de invasões e badernas, ou seja, crimes contra o patrimônio alheio.

Chama-se “Abril Vermelho”.

Por trás, segundo dizem alguns, está uma tentativa de exigir um posicionamento de Dilma Rouseff sobre o que chamam de reforma agrária.

Se é isso ou não, o fato é que essas manifestações não têm nada de pobres explorados buscando um lugar ao sol.

O MST é um indisfarçável grupo político, professando uma doutrina ultrapassada e perigosa que pretende descaradamente chegar ao poder pela força, longe do caminho democrático.

Não é nem sequer um movimento social, como o nome quer sugerir.

Não representa a vontade de uma consciência política rural em busca de justiça e terra.

A sua história já foi mais ou menos esclarecida.

Quem participa do grupo é recrutado, treinado, doutrinado.

Não se tratam de sem-terras que voluntariamente unem forças para alcançar um objetivo social.

A meta do MST é política e seu posicionamento, ideológico.

A reforma agrária que o MST supostamente defende é anacrônica.

A bem da verdade, o Brasil perdeu o timing histórico para fazê-la.

Boa parte do ocidente capitalista operou sua reforma agrária entre os fins do século XVIII e o início do século XX.

Mas é bom que se diga, a reforma agrária foi uma necessidade do capitalismo.

A visão comunista da questão da terra era outra.

Não haveria proprietários (pequenos ou grandes), a terra pertenceria ao estado e seria gerida coletivamente.

A reforma agrária que, de maneira inverossímil, defende o MST é capitalista.

Consiste em dividir as grandes propriedades – pertencentes a um só – em diversas micro-propriedades.

Mas com donos: os pequenos proprietários.

O problema é que hoje essas pequenas propriedades não são mais o grosso da produção agrícola.

Elas precisam existir, sim, por questões sociais.

Mas o que se chama de agrobusines é um modelo que levou para o campo a visão empresarial, que transformou a agricultura numa grande oportunidade de negócios e num dos setores que mais exportam no Brasil.

Justo por isso, por exportar, os critérios são outros. É verdade que, assim como nas cidades, o campo enfrenta graves problemas sociais. É justo que se dê terra para famílias que precisam dela para viver.

Há, sim, propriedades improdutivas, terras não utilizadas.

Mas o país tem leis e programas específicos de desapropriação democrática e distribuição legal de terras.

O fato é que a realidade rural hoje é bem diferente do Brasil de décadas atrás.

Se ainda existem latifúndios feudais, cujos proprietários se acham senhores absolutos, nos quais o coronelismo ainda existe, esse não é, felizmente, o cenário dominante.

No lugar dos feudos, hoje existem empresas.

Em vez de coronéis, empresários.

Os servos semi-escravizados de antes, hoje são trabalhadores com direitos bem claros.

Não pinto nenhum paraíso.

Problemas existem.

Aos montes.

Mas não são substancialmente diferentes dos enfrentados pelas urbes.

Injustiça social, má distribuição de renda, pobreza, miséria, infelizmente são uma realidade organicamente distribuída entre campo e cidade.

Que o MST mostre sua verdadeira cara.

Como disse, não se trata de um movimento social, mas de um grupo político. É bom, por outro lado, que Dilma diga como tratará os absurdos impetrados pelo MST.

Que afirme em alto e bom som se, como seu padrinho, financiará o crime contra o patrimônio produtivo – foram mais de R$ 190 milhões de dinheiro público dado ao MST nos últimos anos.

Desde a era FHC o Brasil tem uma política fundiária muito bem definida e dentro dos parâmetros constitucionais.

Ela precisa ser colocada em prática de fato, como aliás já vem sendo, ainda que lentamente.

O MST, com suas manifestações, defende a desordem e opera fora da lei.

Não quer reforma agrária nenhuma, quer uma revolução política que o levará ao poder – sonham – para implantar no país algo talvez pior que chavismo e a Cuba despedaçada dos Castros.

Deputado Augusto Coutinho (DEM), líder da oposição na Alepe.