De Merval Pereira dO Globo O presidente Lula, velho conhecedor das campanhas eleitorais, deve ter colocado o ouvido no chão e captado sinais que escapam aos comuns dos mortais para se comportar da maneira errática dos últimos dias, sem o menor pudor de afrontar a Justiça Eleitoral ou de anunciar que estará por trás da candidata oficial Dilma Roussef “puxando as cordinhas” como se faz com as marionetes.

Há também nessa mudança de atitudes de Lula a admissão de que a estratrégia da oposição está dando resultados.

O governo quer porque quer que a oposição assuma ser “anti-Lula”, enquanto a oposiçãoi vai se colocando para o eleitorado como uma opção “pós-Lula”, como defendia o governador de Minas Aécio Neves.

Sagaz do jeito que é, Lula deve ter detectado que a sua “criatura eleitoral” não está convencendo os eleitores de que pode levar adiante seu projeto de governo, e resolveu escancarar que estará sempre a seu lado se realmente for eleita.

Essa estratégia de desidratar Dilma para se colocar em seu lugar, cumprindo um terceiro mandato indireto, já havia sido abandonada lá atrás, quando as pesquisas qualitativas mostraram que os eleitores estavam considerando Dilma uma mera teleguiada do líder Lula, o que poderia impedir que ampliasse sua base eleitoral, coisa absolutamente necessária para uma vitória.

Lula chegou a desmentir que pensasse em se candidatar a novo mandato em 2014, dizendo que Dilma não era candidata para um governo só.