Por Duda Sales Um consagrado adágio popular nordestino é usado pelo matuto quando quer expressar sua versão para fatos ocorridos. É o título do livro de memórias do escritor Paulo Cavalcanti, que reconstitui a verdade sobre infaustos episódios do golpe militar de 31.03.1964.

O ditado completo é: O causo eu conto como o causo foi um homi é um homi, um boi é um boi.

Cai como uma luva ao que está se passando no momento.

Com um parque de geração de 10.618 MW, e linhas de transmissão totalizando cerca de 20.000 km de extensão, a Chesf detém a condição de maior geradora do Brasil.. É o homi.

E o boi tem nome. É a Eletrobras Chesf.

Os responsáveis pela mudança pegaram uns argumentos, como diz o Jessier Quirino, uns num sei que lá, num sei que lá, para tapear os bobos, e criaram um genérico.

A Chesf, a verdadeira, a original, nasceu em 03/48. É reconhecida, nacionalmente, por sua honestidade, capacidade e altivez..

Já a Eletrobrás foi criada em 1962, no governo de Goulart.

Como espoleta da via crucis em andamento, o ex-ministro Edison Lobão, pautou em 03/08 as diretrizes do “Projeto de Transformação e Fortalecimento da ELETROBRÁS”.

Em 08/09 o GESEL, grupo vinculado a UFRJ, apresentou relatório, tendo como pano de fundo “analisar…… as vantagens e desvantagens das diversas estruturas societárias e de funding e para a avaliação da participação direta da holding em novos projetos”.

Os cabra de peia só falam em funding, holding, shareholder, etc.

Ome saite.

Vôte prefiro o nosso nordestinês.

Do relatório GESEL verifica-se que para o período 2006 a 2008 o endividamento da Chesf, decresce com o tempo, e o Lucro pula de R$ 386 para R$ 1.703 milhões.

O relatório excepcionaliza a Chesf em várias outros parágrafos.

Pela limitação de espaço registra-se: " A Chesf goza de situação distinta (grifo nosso). ..

A Chesf, tem, portanto, condições de acelerar seus investimentos sem aportes vultosos de capital".

Com base no relatório citado a Diretoria Executiva da Eletrobrás define que: “<Para investimentos das controladas, sem parcerias, a holding deverá avaliar a melhor estrutura de financiamento; com parcerias, a holding deverá sempre participar das sociedades; “Para Sociedades já existentes, escolher entre: i) incorporação do ativo da Sociedade ao imobilizado das controladas; ii) transferência da participação da controlada para a Eletrobrás.

Em 09/09, o Presidente da Eletrobrás envia carta para o Presidente da Chesf, dando “as boas novas”.

Como reação houve o caso isolado de um Superintendente que indignado com as mudanças entregou o cargo.

Em fins 03/10 a Eletrobrás matou as logomarcas e trocou os crachás de todos os funcionários do sistema, esmagando a vida autônoma e a identidade cultural das empresas.

A questão da perda de identidade impõe-se com muito mais peso no nosso caso.

A transferência dos poderes decisórios para o Rio, com o conseqüente esvaziamento da Chesf, contraria um dos princípios da administração Lula, a redução dos desníveis regionais, e desmancha com os pés o enorme esforço que foi feito pelas mãos por abnegados nordestinos, que conseguiram trazer a sede da empresa para a região em 1975.

O fortalecimento das partes acarreta o fortalecimento do todo, uma lógica elementar.

Estamos no caminho inverso.

Aniquilar as Controladas para fortalecer a Controladora.

Flagrante absurdo.

E mais, mesmo com as gritantes diferenças, enquadra todas como farinha do mesmo saco.

Observa-se uma emergente teoria econômica, a do Comunismo Empresarial.

E o responsável pela formulação da teoria, assim como o presidente Lula, também o é nordestino. É maranhense.

Esta é a verdadeira face da questão.

O causo está contado como o causo foi.

Um homi é um homi.

Um boi é um boi.

Ainda assim acredito na possibilidade de a Chesf continuar a gerar o futuro, transportar pelas suas linhas a esperança de desenvolvimento da nação nordestina e elevar pela centena de subestações do seu sistema a auto-estima e a confiança na região.

Duda Sales -ChesFEano que com 34 anos de empresa brada: Chesf SEMPRE. .