Por Daniel Vilarouca, especial para o Blog de Jamildo O que os pequenos agricultores do município de Lagoa dos Gatos, distante aproximadamente 130 km do Recife, mais temiam aconteceu!

Foi assassinado, na manhã desta quinta-feira (08), o pequeno produtor de leite José Ronaldo, conhecido popularmente como Nanal.

Ele foi alvejado com, pelo menos, oito tiros de pistola calibre 380.

Segundo testemunhas, os disparados praticados por dois homens em uma moto.

O homicídio ocorreu em frente à casa de uma das freguesas de Nanal, que entregava leite, diariamente, a partir das 6h.

José Ronaldo era um árduo defensor dos pequenos agricultores do município que lutam por um pedaço de terra no Latifúndio Peri-peri.

Ele já havia escapado de uma tentativa de assassinato, no último dia 29 de março, quando quatro homens, em um Fiat prata, efetuaram quatro disparos contra o pequeno produtor de leite.

Um dos tiros acertou uma moto e outros dois uma leiteira de zinco.

Os pequenos agricultores de Lagoa dos Gatos lutam pelo direito de produzir frutas e verduras num pedaço de terra subutilizado do Latifúndio Peri-peri.

Segundo eles, “o espaço serve apenas de pastagem para o gado”.

Eles afirmam que, há dois anos, ocuparam o terreno e que outras desocupações aconteceram, mas todas foram extremamente pacíficas.

O Latifúndio Peri-peri é de propriedade da família Da Fonte e, com o recente falecimento do seu dono, a posse da terra passou para as mãos dos seus herdeiros que reivindicam a reintegração da área.

De acordo com os pequenos agricultores, foi pedido um prazo de duas semanas para a desocupação do terreno, tempo que eles teriam para fazer a colheita da lavoura.

Porém, os pequenos agricultores ficaram surpresos quando, no dia 18 de março, foram impedidos de entrar na terra e um trator destruiu toda a plantação de macaxeira.

Mesmo diante do transtorno, os agricultores conseguiram fazer fotos do trator destruindo a lavoura e de pistoleiros fazendo a guarda da máquina.

Desde então, o clima é tenso.

No local, os pequenos agricultores produziam batata, macaxeira, milho, feijão, maracujá e verduras frescas.

Uma parte para consumo próprio e outra para comercialização na feira livre da cidade, gerando, assim, também uma renda para as famílias pobres da região.

Durante a desocupação, José Ronaldo teria xingado os pistoleiros e tentado impedir a ação do trator.

Para os amigos e pequenos agricultores, esse pode ter sido um dos motivos para as tentativas e, consequentemente, o assassinato de Nanal.

Outro, é que ele não fazia parte do grupo de pequenos agricultores que ocuparam o terreno no Latifúndio Peri-peri, mas também utilizava do espaço.

Nanal apoiava fortemente as causas agrárias e a luta pela terra.

Pela amizade e o convívio, os pequenos agricultores permitiam que os gados de José Ronaldo pastassem nas terras do Latifúndio.

Em troca, ele cedia adubo e leite de graça para os amigos.

Desde que o clima de tensão se espalhou pela região, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) levou a situação ao conhecimento das autoridades locais e ao Ministério Público.

Segundo a entidade, a polícia da cidade é conivente com esta ilegalidade.

Veja aqui.

Já o MPPE, designou o caso à Promotoria Agrária.

Os pequenos agricultores pedem a ajuda dos demais poderes públicos para que outras pessoas não sejam assassinadas impunemente, como aconteceu com José Ronaldo.