Por Daniel Guedes, de Brasília (atualizada às 17h45) O discurso do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), nesta quinta-feira (8), foi a respeito do esvaziamento da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).
Ele destacou a história da empresa, se disse preocupado com o que vem acontecendo e chamou o PT de “megalomaníaco”, acusando o presidente Lula de ser o “coveiro da Chesf”.
Jarbas disse que a mudança no status da Chesf seria “uma tremenda violência não apenas contra a empresa e seu corpo técnico” e que as deciões que o governo vem tomando são “uma agressão contra o Nordeste”.
O ex-ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (PMDB-MA), que deixou a pasta para disputar as eleições deste ano, era um dos 57 parlamentares que estavam no plenário, numa sessão presidida pelo senador Mão Santa (PSC-PI).
Lobão negou o esvaziamento da empresa nordestina, saiu em defesa da Eletrobras e do governo e garantiu que o presidente não fará jus ao título de coveiro. “Uma das principais marcas do Governo do PT, que felizmente entra na sua reta final, é a megalomania. É uma repetição constante de: ’nunca antes’, ‘o maior’, ‘o melhor’, ‘o único’.
Não faltam superlativos.
Essa tendência ao exagero leva o Governo Lula quase sempre a cometer equívocos.
O mais recente desses erros afeta diretamente uma das mais tradicionais empresas públicas do País e a mais importante do Nordeste, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, a Chesf”, criticou o senador.
Jarbas provocou também a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, que já foi titular da pasta de Minas e Energia. “Numa decisão que contou com o aval da Ex-Ministra Dilma Roussef, o Governo Lula está para transformar a Chesf num mero departamento da ELETROBRAS.
Esse ônus a Ex-Ministra deve ter a coragem de assumir.
Afinal de contas, Dilma é apresentada como a grande “gestora” do Governo.
Essa alcunha deve valer também para as trapalhadas”.
No discurso, o possível candidato oposicicionista ao governo de Pernambuco embasou o “esvaziamento” elencando ações como a necessidade, a partir de 2009, das decisões da empresa pernambucana serem submetidas ao Conselho de Administração da Eletrobras, a prorrogação de contratos até 2015 e a mudança de nome para Eletrobras-Chesf. “Trata-se de um processo semelhante ao que ocorre nas fusões, quando o grupo maior paulatinamente apaga a marca do parceiro menor.
O problema é que nesse caso a empresa apagada, a Chesf, é bem maior do que a parceira.
Em 2009, a Chesf obteve um lucro de R$ 764,4 milhões, contra R$ 170 milhões da Eletrobras.
Sou contra transformar essa grande empresa do Nordeste num mero departamento subordinado à burocracia sediada em Brasília e no Rio.
Defendemos que a CHESF retome a sua autonomia.
Sua existência é uma conquista dos nordestinos”.
O senador acusou o governo de estar fazendo uma “privatização disfarçada”. “O PT e os seus aliados vivem falando mal das privatizações realizadas na década de 1990.
Mas hoje ocorre uma privatização disfarçada, subterrânea, escondida sob interesses escusos, beneficiando grupos que se apropriam do Poder Público”.
Durante o discurso de Jarbas, o senador Marco Maciel (DEM-PE) pediu a palavra para apoiar o colega.
Outro que falou, mas desta vez para defender o governo, foi o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que revelou que a Chesf entrou na pauta dos parlamentares também hoje pela manhã, na Comissão de Infraestrutura.
Mas a defesa mais enfática do governo foi feita pelo ex-ministro Edison Lobão, que deixou a pasta no último 31 de março.
Lobão afirmou que não há ninguém querendo fechar a Chesf e destacou a importância da empresa. “Em nenhum momento se cogitou esta operação (de extinção da Chesf e incorporação dela pela Eletrobras).
Muito pelo contrário.
Procuramos prestigiar a Chesf de todos os modos, durante a minha administração, por todo o merecimento dela.
A Chesf presta um relevante serviço ao País, não apenas ao Nordeste e a Pernambuco”, disse o senador maranhense.
Ele exemplificou o “prestígio” da Chesf lembrando o fato de que a empresa foi convidada a se tornar sócio num dos consórcios que que concorreram à Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), que já está com 30% das obras concluídas.
O senador Lobão admitiu ter enviado à presidência da Eletrobras, logo que assumiu o Ministério, em janeiro de 2008, um ofício recomendando uma “maior aproximação com as empresas vinculadas à Eletrobras”, como Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Eletronuclear. “A Chesf não precisa ser absorvida, ela já pertence a Eletrobras, assim como as demais”.
Edison Lobão disse que Jarbas poderia ficar tranquilo, pois não há qualquer intenção de acabar com a Chesf. “Não houve no passado e não há hoje nenhuma intenção de extinguir a Chesf.
Queremos prestigiá-la cada vez mais, até porque é uma empresa bem dirigida e bem sucedida.
O presidente Lula não será o coveiro da Chesf”.
Ouça o que aconteceu no Senado aqui e aqui.
Discurso Sobre Esvaziamento Da Chesf[1] View more documents from guest0c770e.