Por Roseane Albuquerque Da Rádio Jornal O Hospital Dom Malan em Petrolina vai sofrer uma intervenção ética do exercício profissional médico na emergência pediátrica e UTI.
Médicos inscritos no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco ficam obrigados a cumprir a decisão.
A interdição foi decidida - por unanimidade – em sessão plenária do órgão e representa mais um capítulo na agonizante história de uma das mais importantes unidades de saúde do sertão do Estado.
Com a publicação da resolução número 04/2010, a interdição passa efetivamente a funcionar a partir do próximo sábado.
Fatores como UTI sem ventiladores mecânicos, monitores nem bombas de infusão em número suficiente; insuficiência na escala de plantonistas da pediatria para a quantidade de pacientes atendidos; atendimento simultâneo de pacientes no mesmo consultório sem a divisória adequada; falta de material básico como luvas, seringas e álcool foram decisivos para a intervenção ética. “O que se detectou - e a situação se arrasta há muito tempo – é que não há condições do exercício digno da profissão de médico.
Não temos poder para fechar prédio – isso quem faz é autoridade de saúde pública, Vigilância Sanitária, mas temos poder de interditar o médico de trabalhar ali”, destaca o membro da diretoria do Cremepe, Ricardo Paiva. “Achamos triste uma cidade do porte de Petrolina com a importância que tem para o estado, chegar a uma situação dessa, o descaso do prefeito.
O nome certo é esse.
Descaso também do governador.
Que não se culpe médico ou população.
Se a situação está assim hoje é porque o Estado, que é gestor maior do SUS, juntamente com o gestor municipal, permitiram que se chegasse a este estágio.
O povo daqui não merece isso”, complementa.
Representante do Cremepe, Paiva adianta quais serão os próximos passos após a interdição. “Vamos ao Tribunal de Contas do Estado, à Justiça,para garantir que as leis sejam cumpridas e os culpados sejam penalizados.
O que se pretende é apurar as responsabilidades da gestão dos recursos do SUS e para isso vamos acionar os órgãos competentes.
A gente espera que com essa ação, o hospital possa reabrir no menor tempo possível.
A gente queria que houvesse bom senso dos gestores para que fossem alocados os insumos básicos e complemento da escala, que pudesse permitir a reabertura em 24 horas.
O interesse não é manter o hospital fechado, e sim, que ele não fique do jeito que está”.
Para o delegado regional do Cremepe, Antonio Leite, a situação chegou a um ponto crítico que impossibilita o exercício da medicina. “É uma situação lastimável.
Nesse momento, nenhum médico do Dom Malan está brigando por salário, mas há tempos se pede condições melhores de trabalho.
Sempre que se constata uma série de irregularidades, fazemos relatórios e entregamos aos poderes legais.
Isso se arrasta há muito tempo.
Agora é a impossibilidade total de fazer a medicina mínima que seja”, lamenta. “Hoje a escala é formada de improviso, de última hora, a diretora sai ligando para um colega ou outro.
O que é para ser com três médicos, às vezes funciona com dois, com um.
Houve um fato importante, a redução no número de leites para internamento.
Se o Hospital tem a mesma demanda, então os pacientes tiveram que ficar na emergência e acompanhados pelos plantonistas, mas uma carga que não compete ao plantonista.
A UTI infantil fechou, depois reabriu, mas com quantidade menor de leitos”.
NO próximo dia 18, o hospital – que foi municipalizado em 1993 – volta a ser gerido pelo Estado.