Deu no Blog de Josias de Souza Em entrevista à revista ‘Linha Direta’, uma publicação do PT-SP, Aloizio Mercadante esboçou o discurso que levará ao palanque.

Insinua que o PSDB de São Paulo já deu o que tinha que dar, como se diz: “São mais de 26 anos.

Isso vai gerando certa fadiga e acomodação […] Sinto que, na falta de perspectivas, o Estado vem perdendo posições no cresci­mento do país”.

Mercadante exagera ao falar de “26 anos”.

Em verdade, contando-se desde Mario Covas, eleito em 1955, são 15 anos.

O diabo é que Mercadante, como que decidido a esticar o que já é longo, inicia a contagem dele na administração tucana de Franco Montoro (1983-1987).

Recorda que José Serra e o atual secretário paulista de Educação, Paulo Renato, integraram a equipe de Montoro.Lembra, de resto, que o tucano Aloísio Nunes Ferreira (ex-PMDB), secretário da Casa Civil de Serra, foi vice-governador na gestão de Antonio Fleury (1991-1995).

Mercadante diz enxergar uma “crise aguda na educação”.

Vê deterioração nos índices de violência: “O problema da segurança pública se inte­riorizou, deixando de ser uma preocupação da Capital, para tornar-se um desafio mais abrangente”.

Considerando-se o último Datafolha, o candidato petê terá de gastar alguma saliva para convencer o eleitor da tese da “fadiga”.

Medido pela pesquisa, o humor do eleitorado não parece tão azedo com o PSDB.

Geraldo Alckmin amealha 52% das intenções de voto.

Mercadante, 13%.

A despeito disso, o senador exala otimismo.

Para adoçar as próprias previsões, convive com três Alckmins.

Em vez de concentrar-se no adversário atual, observa um par de Alckmins do passado.

Recorda o Alckmin da sucessão presidencial de 2006.

Na passagem do primeiro para o segundo turno, perdeu algo como 3 milhões de votos.

Verdade.

Mas o adversário desse Alckmin era Lula, não Mercadante.

O senador também se lembra do Alckmin de 2008.

Subiu ao ringue com 45% de intenção de voto e foi à lona com 22%.

Verdade.

Mas, nessa eleição, o eleitorado era o da capital, não do Estado todo.

No mais, Mercadante escora o otimismo na “unidade” do PT, na “frente” que se dispõe a apoiá-lo, em Lula e no suporte do aparato sindical e social.

Pergunta: “O Brasil demorou tanto tempo para acreditar que Lula poderia fazer um bom governo.

Por que São Paulo não pode dar uma oportunidade para o PT governar o Estado?” Lula perdeu três vezes antes de ganhar a primeira.

Mercadante, por ora, perdeu apenas uma eleição para governador.

Vai à segunda tentativa.

O senador fala como se já desse de barato que Dilma Rousseff vai prevalecer sobre José Serra.

A contabilizar o ovo por ser botado, Mercadante vende como “projeto alternativo” para São Paulo a parceria do Estado com Brasília.

E Desanca Serra: “Não faz o menor sentido criar o Renda Cidadã, que atende 140 mil famílias, para competir com o Bolsa Família, que atende 1,1 milhão só em São Paulo.

Tem que ter complementaridade, não concorrência”.

Diz que as obras da CDHU, a Cia habitacional de São Paulo, “não dialogam com o Programa Minha Casa, Minha Vida”.

Marta Suplicy, que herdou de Mercadante a candidatura ao Senado, também falou à revista do PT-SP.

Referiu-se à eleição de 2010 como “uma batalha-chave”.

Vai ao front, segundo disse, “como soldado”.

Um “soldado” ávido por ajudar a “derrotar o que há de mais conser­vador e retrógrado no PSDB”.

As candidaturas de Mercadante e de Marta serão formalmente lançadas num encontro do PT marcado para 24 de abril.