Por Ed Ruas, no Terra Em entrevista a Terra Magazine, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que “Dilma é uma invenção de Lula” e defende José Serra (PSDB) como candidato mais preparado para governar o Brasil.
Dissidente, avalia que a aliança entre PT e PMDB já “venceu o prazo de validade”, pois seria uma união “sem base sólida”.
Nome cotado para disputar o governo de Pernambuco contra Eduardo Campos (PSB-PE), o peemedebista revela que após a formação da chapa no Estado há espaço para agregar mais partidos para o bloco de oposição, mas mantém mistério sobre sua candidatura, que será oficializada dia 30.
Terra Magazine - Como o senhor avalia os últimos resultados de intenção de votos para a Presidência da República?
Jarbas Vasconcelos - A pesquisa do Datafolha veio numa hora importante para a gente, porque o crescimento da Dilma criou um clima de que o PT já tinha vencido a eleição.
Saiu na imprensa que já estavam até falando de futuros ministros.
Tão fazendo como no pré-sal: loteando o que não existe.
Lula fez isso em 1994 e perdeu a eleição no primeiro turno.
A recuperação de José Serra mostra o quanto ele é um nome respeitado no País.
Afinal de contas, o governo não faz outra coisa há quase três anos, senão tentar empinar a candidatura da Dilma.
Foi uma coisa desavergonhada, ilegal e de um cinismo muito grande.
Não questiono pesquisas.
Nunca fiz isso, mesmo quando elas me são desfavoráveis. É um instrumento importante.
Mas pesquisa não é eleição.
O que decide é o voto na urna.
José Serra ignorou sua recomendação de acelerar o anúncio da pré-candidatura à Presidência, isso gerou até dúvidas se ele seria candidato.
Este fato abalou de alguma forma sua relação com ele ou a possibilidade do senhor vir a se tornar candidato em Pernambuco?
Não vi as minhas palavras na entrevista de “O Globo” como uma “recomendação” ao Serra.
Ele tem o tempo dele.
Eu tenho o meu.
Minha relação, meu respeito e minha amizade com Serra estão acima dessas coisas.
O senhor participará do anúncio oficial da candidatura de José Serra no próximo dia 10?
Já está na minha agenda.
Na sua opinião, qual deve ser a linha de combate à candidatura de Dilma Rousseff? É simples: quem é o mais preparado para levar o Brasil adiante, para fazer um governo que preserve o que tem de bom e avance na direção do futuro?
Claro que é o Serra.
A Dilma é uma invenção do Lula.
Ele impôs ela ao PT.
Impôs aos demais partidos aliados.
Com a popularidade em alta, Lula acha que pode tudo.
Mas Lula não vai disputar eleição.
Ele não é candidato.
Achei perfeita a colocação de José Serra no seu discurso de despedida do governo de São Paulo: o Brasil pode mais.
O PMDB caminha para uma renovação de aliança com o PT.
Como o senhor avalia esse pacto? É uma união de momento, sem base sólida.
Na maioria dos Estados, os dois partidos se rejeitam, mesmo quando estão juntos.
Há uma incompatibilidade de poder, que temporariamente se abriga sob o guarda-chuva do governo federal.
Para mim, essa aliança já venceu o prazo de validade.
Quando o senhor pretende se reunir com as lideranças de Pernambuco para definir quem será o candidato?
Se o grupo decidir pelo seu nome, está preparado para o desafio?
Não existe ainda conversa agendada com os partidos de oposição e nem mesmo com José Serra.
Pretendo fazer isso a partir da próxima semana.
Como anunciei ontem, pretendo anunciar minha decisão no próximo dia 30, uma sexta-feira.
O senhor acredita na possibilidade de trazer mais partidos para a coligação de oposição, além de PSDB, DEM e PPS?
Espaço para isso há, mas essa é uma coisa que só toma formato mesmo com a definição da chapa.
Qual será o discurso de combate ao governador Eduardo Campos?
Como vou falar de algo desse tipo se nem tenho definição se vou ser candidato?
Além disso - sendo ou não candidato - não sou de discutir estratégias eleitorais pela imprensa.