Deu no Blog de Josias de Souza Depois de muito hesitar, a direção do PSDB decidiu incluir Fernando Henrique Cardoso na lista de oradores do megaevento programado para sábado (10).
Concluiu-se o obvio: o silêncio a FHC viraria notícia instantânea.
Iria às manchetes como algo mais relevante que o próprio discurso de Serra.
Pior: calado, FHC se converteria em munição para Lula, o PT e a rival Dilma Rousseff.
O petismo alardeia a tese de que o tucanato tenta manter FHC no armário, longe da vitrine eleitoral.
A cerimônia de sábado será o ato inaugural da campanha presidencial de Serra.
Coisa concebida para aclamar o candidato.
Além da tribo tucana, convidaram-se lideranças do DEM e do PPS, os dois partidos que já se juntaram à caravana de Serra.
Inicialmente, previra-se que apenas quatro pessoas levariam os lábios ao microfone.
Além de Serra, só os presidentes das três legendas: Sérgio Guerra (PSDB), Rodrigo Maia (DEM) e Roberto Freire (PPS).
Provocado por repórter, há duas semanas, FHC dera-se por conformado.
Dissera que, em eventos do gênero, o essencial é ouvir o discurso do candidato.
Nos subterrâneos, porém, o ex-presidente ruminava seus rancores.
Dizia que o partido hesitava em defender um legado do qual se orgulha.
Incorria no mesmo erro cometido na campanha de 2006.
Uma sucessão em que o tucanato se fizera representar por Geraldo Alckmin.
Candidato à reeleição, Lula e o PT haviam esfregado no nariz aquilino de Alckmin as privatizações da era FHC.
E o tucano fugira do tema como ave do alçapão.
Numa trinca de artigos de jornal, FHC como que chamou para si a tarefa que, a seu juízo, o PSDB demora-se em cumprir.
Num texto, veiculado no primeiro domingo de fevereiro, FHC empilhara as realizações de sua administração.
E dissera não temer o “plebiscito” proposto por Lula.
Noutro, levado às páginas no início de março, expusera as linhas gerais de uma plataforma de governo para a oposição.
No terceiro artigo, publicado no último domingo (4), o ex-presidente escreveu que, por trás da disputa Serra X Dilma, está em jogo os rumos da própria democracia.
Anotou que o programa concebido pelo PT escapa à tradição democrática do Brasil.
Insinuou que se arma sob Dilma um capitalismo de Estado aos moldes da China.
O PSDB parece ter-se rendido à evidência de que FHC, a contragosto do grupo de Serra, já levou os dois pés ao palanque.
Além dele, cogita-se chamar ao palco de sábado outro personagem central da campanha de Serra: o grão-tucano Aécio Neves.
Sua presença já fora confirmada.
O discurso, não.
Concebeu-se uma cerimônia sem palanque.
Os oradores serão acomodados no auditório.
Um mestre de cerimônias os convocará, um a um, ao palco.
Alugou-se em Brasília um auditório com 1.500 assentos.
Somando-se os que ficarão em pé, pretende-se juntar uma platéia de 2.000 pessoas.
Para fugir à improvisação, contratou-se uma empresa especializada na organização de pajelanças políticas.
Estima-se que, somadas todas as despesas, a conta será de cerca de R$ 500 mil.
Dinheiro do fundo partidário.
Numa tentativa de dividir com o inimigo o espaço dos jornais, Lula e Dilma programaram um ato de campanha para o mesmo dia, no Rio.