No JC deste domingo Demorou, mas começou a reação contra a decisão do governo federal de transformar a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) num simples escritório da Eletrobras.
A partir das 11 horas de amanhã, em frente à sede da companhia, no Bongi, políticos de diversos partidos (do Democratas ao PT), funcionários da empresa, diretores de Organizações Não-Governamentais e representantes sindicais farão um protesto contra o esvaziamento da companhia.
Mais do que uma mobilização pela Chesf, trata-se de um ato político pelo Nordeste brasileiro.
Se nada for feito, todas as decisões da empresa nordestina (da construção de uma usina ao patrocínio de um filme ou peça teatral, por exemplo) terão de ser aprovadas pela Eletrobras, no Rio de Janeiro.
Os funcionários vão começar um protesto contra as medidas que estão sendo implantadas a partir das 9 horas.
A intenção dos organizadores é somar esse primeiro protesto com o ato dos políticos.
Inicialmente, o evento estava sendo marcado como um ato dos partidos de oposição.
Depois, os parlamentares da situação também aderiram à causa.
Infelizmente, até agora, ninguém do governo do Estado se pronunciou sobre a questão.
O governador Eduardo Campos (PSB), que, pelo menos em tese, dá sustentação ao comando da Chesf, disse apenas que ainda está se informando sobre o assunto.
As alterações fazem parte de um processo que pretende transformar a Eletrobras na grande holding do setor elétrico com uma atuação similar à da Petrobras.
Os que criticam as mudanças argumentam que não há transparência e que a Chesf está perdendo a sua autonomia.
Já o governo federal argumenta que o processo de transformação da Eletrobras vai permitir a internacionalização da estatal regional.
A Chesf é a maior empresa da região e caso os serviços contratados por ela passem a ser decididos no Rio de Janeiro, todo o Nordeste sofrerá.
Logo de início, haverá uma perda de autonomia nos investimentos em infraestrutura, prestação de serviços, produção científica, pesquisas, patrocínios culturais e esportivos.
Os negócios da Chesf, empresa mais rentável do sistema Eletrobras, envolvem números grandes. É a maior geradora de energia elétrica do País e tem cerca de 18 mil quilômetros de linhas de alta tensão.
No ano passado, registrou um lucro de R$ 764,4 milhões.
Já a Eletrobras obteve um lucro R$ 170 milhões em 2009. “Sai muito recursos da Chesf para a Eletrobras. É uma sangria espetacular”, disse o aposentado João Liberato Pereira de Melo Neto, acionista minoritário da Chesf e crítico das mudanças.
As primeiras alterações começaram a ser implantadas na Chesf no ano passado.
Primeiro, o estatuto da empresa mudou e a partir daí todas as decisões estratégicas da estatal regional tiveram que ser previamente aprovadas pelo conselho de administração da Eletrobras.
Depois, a Chesf ficou impedida de formar sociedade de propósito específico (SPE) para novos empreendimentos do setor elétrico.
Geralmente, os grandes empreendimentos do setor são explorados por SPEs.
A última mudança que ocorreu foi o nome da empresa, passando a se chamar Eletrobras-Chesf, no último dia 22.
Foi quando os políticos minimamente interessados no bem de Pernambuco e do Nordeste começaram a se mobilizar.