No Blog de Josias Aécio Neves identificou numa declaração de Dilma Rousseff traços do “messianismo” que enxerga na era Lula.

Dilma dissera que Lula, mentor de sua candidatura e seu maior cabo-eleitoral, “reinventou o país”.

E Aécio: “Se um extraterrestre pousasse sua nave no Brasil e ficasse por aqui durante uma semana sem conversar com ninguém, só vendo televisão…” “…Ele acharia que o Brasil foi descoberto em 2003 e que tudo o que existe de bom foi feito pelas pessoas que estão no governo atual”.

Para Aécio, que acaba de deixar o governo de Minas para disputar uma cadeira no Senado, “os brasileiros sabem” que o governo serve-se de “um discurso vazio”.

Aécio esgrime uma tese segunda a qual o presente de Lula começou a ser moldado no passado, sob FHC e Itamar Franco: “Não teria havido o governo do presidente Lula se não tivesse havido, antes, os governos do presidente Fernando Henrique e do presidente Itamar Franco.

Sem o alicerce do Plano Real, nada poderia ter sido construído”.

Aécio falou aos repórteres Mario Sabino e Fábio Portela.

Pressionando aqui, você chega à íntegra da entrevista.

Abaixo, um kit com o essencial: - Origem da popularidade: “Quando você faz um choque de gestão e entrega bons resultados ano após ano, não há politicagem que atrapalhe a percepção de melhora por parte da população.

Quem tem 92% de aprovação está sendo bem avaliado por todo tipo de eleitor, até entre os petistas”. - A política: “É a mais digna das atividades que um cidadão possa exercer. […] Vou lutar por reformas que possam tornar a política de novo atraente para as pessoas de bem, que façam dessa atividade, hoje vista com suspeita, um trabalho empenhado na elevação dos padrões materiais, sociais e culturais da maioria. É assim que vamos empurrar os piores para fora do espaço político”. - Minas X Brasília: “Gostaria muito de contrapor os resultados obtidos pela implantação da meritocracia [em Minas Gerais] com o messianismo daqueles que apenas fazem promessas e propagam a própria bondade. […] As pessoas da máquina estatal têm de ser qualificadas, e não simplesmente filiadas ao partido político.

O aparelhamento do Estado que vemos no governo federal é um mal que precisa ser erradicado”. - A vice de Serra: “Serei candidato ao Senado.

Eu tenho a convicção de que a melhor forma de ajudar na vitória do candidato do meu partido, o governador José Serra, é fazer nossa campanha em Minas Gerais. […] No Brasil, não se vota em candidato a vice-presidente”. - As chances de Serra: “Acho que o governador Serra tem todas as condições para vencer em Minas Gerais e no Brasil.

Eu vou me esforçar para ajudá-lo, repito, porque tenho um compromisso com o país que está acima de qualquer projeto pessoal.

Esse compromisso inclui trabalhar para encerrar o ciclo de governo petista.

Lula teve muitas virtudes.

A primeira delas, aliás, foi não alterar a política econômica do PSDB.

Ele fez bons programas sociais?

Claro, é um fato.

Mas o desafio agora é fazer o Brasil avançar muito mais, e é isso que nosso presidente fará. - O crescimento de Dilma: “A ministra Dilma chegou ao piso esperado para um candidato do PT, qualquer que fosse ele.

A partir de agora, ela terá de contar com a capacidade do presidente Lula de lhe transferir votos.

Mas o confronto olho no olho com o governador Serra vai ser muito difícil para ela. - Dilma e o PT: “A candidata Dilma terá de explicar logo como será sua relação com seu próprio partido, o PT, em um eventual governo.

O PT tem dificuldades históricas de ter uma posição generosa em favor do Brasil. […] Negou-se a estar no Colégio Eleitoral e votar no presidente Tancredo Neves. […] Se dependesse do partido, talvez Paulo Maluf tivesse sido eleito presidente pelo Colégio Eleitoral.

Ao final da Constituinte, o PT recusou-se a assinar a Carta.

Quando o presidente Itamar Franco assumiu o governo, em um momento delicado, de instabilidade, e o PT foi convocado a participar do esforço de união nacional, novamente se negou. […] Se prevalecesse a posição do PT, nós não teríamos a estabilidade econômica, porque o partido votou contra o Plano Real.

O presidente Lula, com sua autoridade, impediu que o partido desse outros passos errados quando chegou ao governo.

Mas o que esperar de um governo do PT sem o presidente Lula? - Dilma sem Lula: “Pelo fato de a ministra Dilma nunca ter ocupado um cargo eletivo, há uma grande incógnita.

Caberá a ela responder, durante a campanha, a essa incógnita.

Dar demonstrações de que não haverá retrocessos, de que as conquistas democráticas são definitivas.

A ministra precisa dizer de forma muito clara ao Brasil qual será a participação em seu governo desse PT que prega a reestatização, que defende uma política externa meramente ideológica, que faz gestos muitos vigorosos no sentido de coibir a liberdade de expressão”. - A plataforma do PSDB: “Nosso maior tema será lembrar aos brasileiros que somos a matriz de todos os avanços sociais e econômicos do Brasil contemporâneo.

Nós temos legitimidade para dizer que somos parte integrante do que aconteceu de bom no Brasil até agora.

Se hoje o país está numa situação melhor, foi porque nós tivemos uma participação decisiva nesse processo.

Houve a alternância do poder, que é natural e saudável, mas está na hora de o PSDB voltar ao poder.

Está na hora de o país ter um governo capaz de fazer a máquina pública federal funcionar sem aparelhamento. É preciso implantar a meritocracia na administração federal, e o PT simplesmente não quer, não sabe e não pode fazê-lo. Às promessas falsas, ao messianismo, aos insultos pessoais, aos ataques de palanque, vamos contrapor nossos resultados nos estados e a receita de como obtê-los também no nível federal. - FHC: “Acho que hoje não se faz justiça a ele, mas tenho certeza absoluta de que a história reconhecerá seu papel crucial.

Como também acho que se fará justiça ao presidente Itamar Franco, que permitiu a Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda, fazer e aplicar o Plano Real. - A presidência da República: “Tenho muita vontade de participar da construção de um projeto novo para o Brasil, em que a nossa referência não seja mais o passado, e sim o futuro.

Sem essa dicotomia que coloca em um extremo o PT e no outro o PSDB, e quem ganha é obrigado a fazer todo tipo de aliança para conseguir governar. […] Quanto a chegar à Presidência da República, tenho a convicção de que isso é muito mais destino do que projeto”.