No tempo que trabalhei como repórter no Caderno de Economia do JC, alguns empresários obtusos, ligados à Fiepe, acharam por bem me chamar de carcará, por supostamente só dar notícia negativa, como uma espécie de ave agourenta.

Não é culpa minha se eles não conseguiam entender o valor da imprensa, que não deveria existir apenas para elogiar, como pensa Lula.

Fatos são fatos, a versão é livre.

Lembrei disto ainda pouco porque hoje eu tenho aqui uma notícia que eu não gostaria de dar.

Mas, como disse, são ossos do ofício.

O empresário Alexandre Rands, dono da Datamétrica, acaba de me confirmar que Pernambuco pode perder a central de atendimento do INSS (aquele do serviço 135). É como se meia refinaria da Petrobrás fosse para o espaço.

Ao participar de uma licitação para oferta de serviços ao INSS, a empresa ficou em terceiro lugar, logo atrás de uma empresa de Minas Gerais, um concorrente bastante robusto.

A empresa está contestando o resultado, mas não há garantia de sucesso.

A empresa planeja compensar a perda de empregos com a chegada de um novo grande cliente, que vai gerar cerca de 800 empregos.

Ocorre que a central de atendimento gera cerca de 2 mil empregos. “Vamos ser prejudicados sim. É uma expansão que não vamos ter.

Acabamos de ganhar a licitação da Compesa, mas o que íamos expandir ficará prejudicado.

Vamos tentar compensar de um projeto para o outro, mas haverá perda para o mercado de trabalho.

São cerca de 1,5 empregos.” Uma parte dos serviços também pode ser compensada com a operação de atendimento de uma licitação do INSS feita em Salvador.

A empresa pernambucana ganhou a licitação, mas acabou sendo desclassificada por uma concorrente local que baixou o preço em R$ 1,00, usando a lei das micro e pequenas empresas.

A Datamétrica correu atrás e alegou que havia fraude.

O recurso está sendo julgado no TCU.

A empresa torce, vamos dizer assim, para que o INSS tenha algum problema jurídico na licitação de Salvador e seja obrigado a renovar por mais um ano com o Recife para evitar problemas no atendimento ao usuário. “Temos direito de renovar até mais um ano, pois só renovamos por quatro”, explicou. “Devemos ficar com esse serviço, mas ele só compensa parcialmente o trabalho da central de Pernambuco.

No caso da outra licitação nacional, ficamos menos esperançosos porque nossos concorrentes são grandes empresas (não iriam cometer uma barbeiragem igual)”, frisou o empresário.