Por Adriano Oliveira O quadro eleitoral ficou parcialmente claro.
Ainda aguardo a decisão de Ciro Gomes.
Ele será rifado por Eduardo Campos e Lula ou não?
Aposto que sim.
E desconfio que Ciro sairá da disputa atirando.
Não tenho dúvidas que a disputa será polarizada – Serra e Dilma.
Tenho dúvidas, contudo, quanto à capacidade de crescimento de Marina Silva – a caso ela cresça o segundo turno pode ocorrer entre o PSDB e o PT.
A disputa pela presidência será acirrada.
Com leve vantagem de favoritismo para Dilma, em razão das circunstâncias econômicas e políticas.
Mas Serra é um forte adversário, principalmente se ocorrer o quase inesperado: o eleitor confrontar Serra e Dilma e esquecer Lula.
Caso isto ocorra, o candidato do PSDB retira o favoritismo de Dilma.
Mas se isto não ocorrer?
Serra continuará a ser um forte adversário.
Mas terá que torcer por um tropeço de Dilma em algum instante, como por exemplo, em um debate.
Novamente continuo a perguntar: o que Serra dirá aos eleitores?
Proponho que José Serra compare o seu currículo político com o de Dilma e mostre, sem elogiar Lula, que é o mais preparado para possibilitar que o Brasil continui a ter conquistas econômicas e sociais.
Lula não deve ser elogiado.
Mas também não deve ser criticado.
Dilma, certamente, e isto é o óbvio, irá associar a sua imagem a de Lula.
O presidente dirá que Dilma contribuiu em muito para o sucesso do seu governo e que ela tem competência para dar continuidade às conquistas do seu governo.
Dilma trará FHC para a disputa.
Comparará o governo do PT com o do PSDB.
Nesse aspecto, como Serra deve reagir?
Mostrar as suas ações na área da saúde e evidenciar que as conquistas econômicas e sociais do Brasil foram motivadas pelo Plano Real.
Plano este, uma obra do PSDB, e não de FHC.
Ressalto que a permanência de Ciro da disputa retira o favoritismo de Dilma, já que ambos disputarão parte de um mesmo eleitorado.
Com Ciro, a eleição poderá findar no segundo turno.
A disputa, repito, será dura.
Serra e Dilma são competitivos.
Arrisco a dizer que o possível vencedor só aparecerá na reta final de campanha.
PS: Adriano Oliveira é doutor e professor adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE). É coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)