Por Rayder Bragon do UOL Notícias Desligado do cargo, a participação de Aécio durante a campanha de Serra será crucial para uma eventual vitória ou derrota do tucano, avaliam especialistas Depois de sete anos e três meses como governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves transmitirá o cargo nesta quarta-feira (31) à tarde para se tornar um dos personagens centrais do PSDB na eleição majoritária deste ano.
O partido tem o governador de São Paulo, José Serra, como pré-candidato para a disputa do Planalto.
Haverá uma solenidade na manhã de hoje na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para a posse do vice, Antônio Anastásia, e à tarde, no Palácio da Liberdade, ex-sede do governo do Estado, uma cerimônia encerra o governo de Aécio.
Desligado do cargo, a participação de Aécio durante a campanha de Serra será crucial para uma eventual vitória ou derrota do tucano, avaliam especialistas.
Além da ajuda na campanha nacional, Aécio tentará garantir uma vaga no Senado e emplacar Anastasia como seu sucessor.
O vice vai concorrer contra a aliança de PT e PMDB, cuja indicação vai ser disputada pelo peemedebista Hélio Costa (Comunicações) e os petistas Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, e Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social. “Aécio Neves tem papel fundamental por ser um dos governadores mais bem-avaliados do país e com aprovação recorde da população do 2º maior colégio eleitoral do Brasil.
Mas devido ao desgaste que os dois [Serra e Aécio] tiveram em relação à disputa travada, eu não sei em qual medida ele vai assumir de fato essa campanha [de José Serra]”, afirma Malco Braga Camargos, doutor em Ciência Política e professor da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de MG). “A desistência dele da postulação em ser um dos pré-candidatos do PSDB à sucessão presidencial foi claramente uma saída de quem não estava satisfeito com o rumo das decisões.
Ele, aparentemente, não contou com apoio do partido”, resume Francisco Fonseca, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, para quem Aécio já é o nome da oposição para 2014, em caso de um revés de Serra na eleição deste ano. “Ele tem um papel crucial dentro do seu partido e no jogo político como um todo.
Mas uma derrota do José Serra o fortalece, porque ele seria naturalmente o próximo candidato da oposição daqui a quatro anos.
Com uma vitória de Serra, ele posterga esse cenário para talvez oito anos, se contarmos com uma possível reeleição, o que é muito tempo em política.
Então, é algo paradoxal”, diz Fonseca.
Em sua análise, a cientista política Helcimara Telles, professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), afirma que o Estado terá peso relevante na eleição de 2010.
Para ela, a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, conseguirá “construir uma muralha” no Nordeste, região na qual o presidente Lula tem alta popularidade.
Já Serra conseguiu fincar posições em São Paulo e no Sul do país, afirma. “Quem tende a desequilibrar esse jogo a favor de algum deles é justamente o eleitorado de Minas Gerais.
Mas não sei se o Aécio Neves vai comprar a camisa de Serra, já que foi derrotado internamente por ele no partido.
Não acredito que em Minas tenhamos um eleitor com identidade com o PSDB de Serra.
Temos eleitores que gostariam que o Estado voltasse ao centro do poder.
Eu acho pouco provável que o eleitor ‘aecista’ venha a apoiar José Serra, que foi responsável pela derrota da candidatura de Aécio Neves”, avalia.