Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com Dentro de dois dias, Dilma Rousseff abandona a postura de ministra para assumir, em definitivo, a de presidenciável.
Sim, porque embora viesse agindo como tal há muito, e tenha sido saudada no encontro nacional do PT como tal, ela jamais admitiu publicamente a postulação.
Bom, mas a saída do governo só acontece daqui a dois dias.
Hoje, ainda ministra, Dilma lançou a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), ao lado do presidente Lula, seu grande cabo eleitoral.
Sem ele - e o PT sabe disso - ela no máximo continuaria ministra.
Candidata, jamais.
Assim como o primeiro, o PAC2 foi colocado sob a coordenação de Dilma.
Pelo menos durante os próximos dois dias.
Trata-se de um pacote que prevê investimentos da ordem de R$ 1,59 trilhão, entre 2011 e 2014.
Verbas direcionadas para projetos sociais em áreas delicadas como saúde e habitação.
Mas as declarações de hoje do próprio presidente sugerem que tudo ainda é mera promessa.
Ao lançar o PAC2, Lula admitiu que na primeira etapa o governo concluiu bem menos obras do que esperava.
Levantamento da ONG Contas Abertas, feito com base nos relatórios do comitê gestor do PAC, revelou que que somente 11,3% dos projetos previstos na primeira etapa do programa foram totalmente executados.
Traduzindo: somente 1.378 obras foram concluídas.Acha muito?
Pois a previsão atrevida do governo era realizar 12.163 empreendimentos por todo o País em quatro anos.
Foi o que Lula prometeu, lá no começo, ainda sem noção da burocracia e das dificuldades de alocar recursos e gerenciar projetos.
Os relatórios revelam que pelo menos 54% dessas promessas sequer saíram do papel.
Mesmo assim, o governo lançou o segundo PAC.
Na presença de ministros, governadores, prefeitos e parlamentares ansiosos por tirar uma “casquinha”, não só financeira, mas também política, do programa.
Embora a maioria estivesse bem consciente de que a solenidade de hoje não passava de uma festa de despedida para Dilma.
Uma última ajudinha oficial da máquina administrativa à campanha petista.
E aí, engana-se quem pensar que Dilma, a partir de quarta-feira, ficará por sua própria conta e risco, em plena pré-campanha presidencial.
Não é o estilo de Lula criar um projeto político e abandoná-lo.
Ela não poderá mais aparecer nos palanques ao lado do presidente.
Habilidoso como ninguém, ele certamente dará um jeitinho de continuar impulsionando sua candidata.
E sem nenhum temor de sofrer punições da Justiça Eleitoral.